A Casa da Estrela foi erguida em ano incerto da década de 30 pelo perito contador Augusto Gonçalves de Castro – visionário, entusiasta do esperanto e adepto da Teosofia, filosofia mística e pacifista, cujos preceitos de unidade dos povos o inspiraram no desenho da planta. Os 178 metros quadrados de área construída são interligados, há janelas internas e tudo concorre para a convivência constante entre os moradores.

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Da calçada, o que se vê é um chalé de dois andares, com requintes a mais do que a média. De dentro, é um quebra-cabeça, com estrelas que se formam no chão e nas paredes, encaixes artesanais, além de um impressionante mezanino – palco de um miniespetáculo a que os Castro podiam assistir todos os dias. Não bastasse a engenhosidade, a moradia erguida no braço por Augusto, em horas vagas, é luminosa – graças à ausência de divisórias completas e janelas em boa parte da área.

O local serviu de habitação até os anos 90, quando os responsáveis optaram pela venda do terreno, na Rua Zamenhof, 56, próximo ao campo do Coritiba, mas sem sacrificar a casa. Era preciso encontrar um órgão público, instituição de ensino ou empresa privada interessada na transposição. Enquanto o candidato não batia à porta, o músico e professor aposentado da Belas Artes, Moysés de Castro, passou a cuidar da limpeza e do arejamento, assim como do jardim.

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Não demorou e a história da casa em forma de estrela ganhou asas e passou a atrair esperantistas, professores e estudantes de Arquitetura. Entre os que fizeram dela uma causa a ser defendida estão o arquiteto Key Imaguire Júnior, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e a artista plástica e pesquisadora Didonet Thomas. Eles geraram fontes sobre a Estrela, chamaram a atenção da sociedade curitibana sobre sua importância. Imaguire tentou, em vão, levar a casa para o Centro Politécnico.

Foi quando a PUCPR – na figura do arquiteto Cláudio Maiolino, da área de resgate e restauro – entrou na negociação. Àquela altura, uma grande empresa do Paraná sondou a possibilidade de cuidar do imóvel, mas a proposta da Católica parecia mais interessante, por envolver atividades acadêmicas e a documentação do legado do visionário Augusto Gonçalves de Castro. (JCF)