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Importação do Ebola põe porto do Paraná em alerta

Filippo Carmosino se prepara para novos procedimentos contra o Ebola | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Filippo Carmosino se prepara para novos procedimentos contra o Ebola (Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo)

Além da entrada de mercadorias do mundo inteiro, os navios que atracam em Paranaguá também trazem tripulantes com os mais diversos tipos de enfermidade. O que vem causando grande preocupação nas autoridades do porto é o vírus do Ebola, em epidemia na África Ocidental e que matou mais de mil pessoas, segundo balanço divulgado pela Organização Mundial de Saúde, na última quarta-feira.

Até o momento, de acordo com o chefe de setor da Anvisa em Paranaguá, Rogério Gonçalves Lopes, não houve nenhum caso suspeito de tripulantes que chegaram ao porto. "Estamos dando maior atenção aos que têm como origem a África. Toda medida para conter um surto ou possíveis contágios depende principalmente da rapidez das informações e de tomada de decisões."

O médico da Admi­­­­nis­­­tração dos Portos de Para­­­­naguá e Antonina (APPA), Filippo Carmosino, que há mais de 30 anos atende funcionários do porto e tripulantes de navios, concorda que neste momento é importante a realização de campanhas com os comandantes e agências marítimas para que tenham consciência da gravidade do Ebola e da importância de avisar as autoridades sobre possíveis sintomas em suas tripulações. "Estamos organizando um plano de contingência ao Ebola, semelhante ao que foi feito ao H1N1, mas como são doenças diferentes, este plano ainda está em definição junto aos órgãos envolvidos. No caso do Ebola, temos que ter bastante cuidado, pois é uma doença que pode levar até 21 dias para se manifestar e tem sintomas parecidos com algumas doenças como a malária e a leptospirose. Portanto, temos que analisar bem esta questão. A doença vem principalmente das regiões de Serra Leoa, Nigéria, Libéria e Guiné. O importante é dar atenção aos possíveis sintomas de tripulantes que chegam destes locais".

Segundo a responsável pelo setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Paranaguá, Isabele Anto­­­niacomi, caso seja detectado algum tipo de doença infectocontagiosa, o tripulante é enviado para a coleta de sangue, fezes e secreção da garganta, conforme a suspeita. "Após exame da tripulação, dependendo do resultado, o navio atraca ou não."

Médico atendeu todo tipo de doença em navios

Italiano de nascimento, o médico Filippo Carmosino soma pelo menos 34 de seus 66 anos no trabalho de atender trabalhadores estrangeiros que vivem uma das piores experiências de quem viaja muito: adoecer fora de casa, longe da família, muitas vezes sendo atendido por alguém que não fala sua língua.

"Eu e meus colegas em Paranaguá vemos de tudo, de alergias e pneumonias a casos graves de malária e de tumores", conta ele, que se formou na Unesp, em São Paulo, e trabalha na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).

Carmosino faz parte do grupo de profissionais acionados pelas autoridades portuárias e sanitárias para atender tripulantes de navios que chegam doentes ao porto, ou que adoecem durante a estada. O atendimento pode se dar em terra, num dos hospitais da cidade, ou a bordo de alguma embarcação, principalmente quando se trata de viajante clandestino. E não são poucas as vezes em que é preciso cruzar a baía de Paranaguá em um barquinho para examinar alguém. "Vou no escuro, sem saber o me aguarda. E, dependendo dos casos, também me acompanham o Corpo de Bombeiros."

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