Peritos papiloscopistas da Polícia Civil do Distrito Federal resolveram atacar um problema na identificação de pessoas: a constância das impressões digitais com o tempo. Como não seria prático coletar impressões digitais e esperar que as pessoas envelhecessem para ver como e se elas mudariam, a estratégia foi realizar um estudo retrospectivo. Eles coletaram impressões digitais de 40 pessoas, 20 homens e 20 mulheres, entre 60 e 72 anos que foram renovar o RG e compararam com as digitais de 33,5 anos atrás, em média.
Usando o método atual de identificação, 30% dos idosos não seriam encontrados se deixassem suas impressões digitais na cena de um crime, já que elas mudaram.
Para entender o porquê, os cientistas fizeram uma série de análises quantitativas, medindo, por exemplo o número de linhas e o total de minúcias - formações peculiares que aparecem na figura formada pela impressão digital, chamada datilograma.
A conclusão é que características mudam. As linhas pretas diminuem e as brancas aumentam.
“As alterações na saúde provocadas pelo envelhecimento de um indivíduo, seus níveis hormonais e o próprio meio ambiente possivelmente causam mudanças na pele e, com isso, reduzem a nitidez das cristas de fricção e pontos característicos que formam as impressões digitais”, disse a perita Lara Rosana Silva, autora do estudo.
O estudo foi feito em parceria com a Universidade de Brasília e orientado pela bióloga e professora Selma Kückelhaus. Ela diz que os dados serão importantes para a perícia forense e análise de vestígios criminais. A ideia é fazer novos estudos para subsidiar o aperfeiçoamento dos sistemas biométricos.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Forensice Science International.
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