Quando a comissão de frente da Escola de Samba Batel entrou ontem na avenida, dando início ao desfile das cinco agremiações de Antonina, poucos foliões tiveram tempo para pensar no tamanho do desafio que os grupos enfrentaram para estar ali. Sem recursos e apoio, o improviso e a boa vontade da comunidade acabam sendo as únicas ferramentas disponíveis a quem não abre mão do carnaval.
A menos de 48 horas para o desfile, na noite de sexta-feira, o estado pouco avançado dos carros alegóricos poderia assustar os menos habituados. Mas nada disso abala quem já passou pelo mesmo sufoco em outros carnavais.
Embora centenas de pessoas participem do desfile, os que se envolvem ativamente na montagem de carros e confecções de fantasias são poucos. Na Batel, por exemplo, não passam de 30. "Umas 400 pessoas desfilam nas 17 alas e mais 350 vêm atrás do último carro, usando camisetas que mandamos fazer", contabiliza o advogado Claudio Biazetto, 27 anos, membro da comissão da escola. A agremiação gastou cerca de R$ 20 mil neste ano com os preparativos.
O dinheiro é arrecadado em bingos, eventos na quadra da escola e brechós. A idealização de enredo e dos adereços só começa depois da contabilidade de tudo, geralmente, em janeiro. Diante da correria, não há ensaios formais. Cada integrante aprende o refrão por conta e garante a festa na avenida. A rivalidade entre as escolas, embora não haja mais concurso, ainda existe. "Como ninguém tem muita verba para fantasia, a rivalidade acontece mais na bateria. O pessoal tenta inovar nas paradinhas", explica Biazetto.