Castro Um incêndio provocado por uma fagulha de solda que atingiu um colchão fez com que todos os presos passassem a noite no solário frio da cadeia de Castro, a 40 quilômetros de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A situação poderia ter sido pior, já que o prédio não tem saída de emergência. A cadeia está superlotada: 89 detentos ocupam o espaço projetado para receber 24.
A superlotação é apontada como a causa para uma tentativa de fuga no fim de semana. O ferrolho de uma porta foi serrado. Para consertar e reforçar as grades, um soldador foi chamado. Ele não percebeu, entretanto, quando uma faísca alcançou um colchão, iniciando o incêndio por volta das 17 horas de ontem.
O delegado Messias Rosa informou que não havia presos nas celas no momento do início do fogo. Policiais com extintores conseguiram evitar que o fogo se alastrasse, até a chegada dos bombeiros. Mesmo assim, a fiação elétrica do prédio, que havia sido trocada na última reforma, ficou comprometida, deixando as alas internas sem energia.
O clima tenso dos últimos dias associado ao incêndio fez com que familiares de detentos se concentrarem em frente da delegacia. Os parentes ficaram preocupados ao ver a coluna de fumaça que saía do prédio. Alguns contaram ter ouvido três tiros, mas a polícia nega os disparos. Socorristas foram acionados e um preso com queixa de dores abdominais foi levado ao hospital.
Os parentes dizem que os detentos não suportam mais a superlotação e as condições da comida servida. "Nós recebemos R$ 1 por preso por refeição. Fazemos o que podemos", sustentou o delegado. Os familiares dizem que apenas meia marmita é oferecida por dia. "Eles não são animais", lamenta Maria Aparecida Ferreira da Silva, mãe de um preso. A última fuga registrada no local foi há um ano.
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