O fogo que atinge desde domingo (12) o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que abrange municípios como Petrópolis e Teresópolis, na região serrana do Rio, já atinge áreas residenciais. Moradores de casas de luxo do condomínio Alto do Pegado, em Secretário, distrito de Petrópolis (RJ), estão desde a madrugada desta sexta (17) tentando impedir que o fogo que toma a encosta atinja seus imóveis.
Bombeiros, funcionários do condomínio e moradores combatem as chamas com mangueiras e abafadores - instrumentos similares a pás, com a ponta feita de tecido grosso para atacar as chamas.
A cada mudança de direção do vento, uma nova aflição. "Nós viemos para cá na madrugada de sexta, quando nos avisaram do incêndio. Hoje de manhã, em meia hora, todo esse morro virou cinza", disse o proprietário Ronaldo Guimarães, 44.
Ele e sua mulher, Elisa Machado, 42, são donos de uma casa que está na iminência de ser atingida. "Temos essa casa há 12 anos e a última vez que vimos isso foi durante a construção".
Além do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o da Serra do Cipó (MG) também foi afetado. No primeiro foram atingidos pelo menos 575 dos 20.024 hectares, até a quinta. No segundo, o fogo já atingiu 5.000 dos 33.800 hectares do parque.
De acordo com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), responsável pelos dois parques, o combate ao fogo é dificultado pelas condições climáticas, como o vento, a secura da vegetação, as altas temperaturas, a baixa umidade relativa do ar e a falta de chuva, além do volume denso de vegetação.
No caso da Serra dos Órgãos, o tipo de relevo dificulta atividades aéreas de lançamento de água. O trabalho em pontos de difícil acesso envolve a ação de homens por terra. A Defesa Civil do Estado do Rio diz que há registros de incêndio no parque desde o começo de setembro, mas foi no último domingo (12) que o número cresceu o suficiente para o órgão montar um gabinete de emergência.
Cerca de 200 bombeiros estão mobilizados para combater os incêndios na Serra dos Órgãos. Eles têm o apoio de 20 viaturas e quatro aeronaves (três do governo do Rio e uma da Marinha) que lançam água sobre as áreas em chamas.
O número de incêndios registrados no Estado do Rio sugere que houve um aumento considerável de um ano para cá. Em setembro de 2013 foram registradas 1.325 ocorrências de fogo em vegetação. Já em 2014, foram 2.080. Em todo o mês de outubro de 2013, a Defesa Civil combateu 578 incêndios. Já em 2014, foram 1.150 até o dia 14/10.
A Defesa Civil atribui o aumento à estiagem. Segundo o coordenador de Emergências Ambientais do ICMBio, Christian Berlinck, o ano de 2014 tem de fato sido mais seco do que 2013. "As chuvas estão demorando mais a começar que em anos anteriores. Além desses fatores climáticos, também é importante considerar que existe muita vegetação nas Unidades de Conservação, afinal de contas são áreas protegidas. Em anos 'normais' já era para estar chovendo em boa parte do Brasil", declarou.
O instituto também atribui os incêndios ao mau uso do fogo na agricultura, em casos em que ele foge do controle de quem o iniciou. Lembra também que há casos de incêndios criminosos, causados propositalmente.
Em nota, a Defesa Civil pede que as pessoas denunciem atos que possam gerar novas ocorrências, como pessoas que queimam lixo, por exemplo.
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos inclui os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim. Ele abriga mais de 2.800 espécies de plantas, 462 espécies de aves, 105 de mamíferos, 103 de anfíbios e 83 de répteis, incluindo 130 animais ameaçados de extinção e muitas espécies endêmicas (que existem apenas na região).
Já o Parque Nacional da Serra do Cipó (MG) abrange os municípios de Jaboticatubas, Santana do Riacho, Morro do Pilar e Itambé do Mato Dentro. Tem mais de 1.700 espécies registradas e sua fauna é considerada uma das mais diversas do planeta.
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