Os moradores da Rua Serra de Santana, no Jardim Bandeirantes, amanheceram assustados depois de mais um episódio de ônibus incendiado em Londrina. A recorrente ação dos bandidos esse foi o terceiro caso em uma semana aumentou o medo dos usuários e motoristas do transporte público. Para a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), os atos ainda são classificados como vandalismo.
"Estávamos tranquilos vendo televisão em casa. O sinal da tevê a cabo falhou [por conta das chamas que atingiram a fiação] e saímos lá fora para ver o que era. O que vimos foi um choque: o ônibus pegando fogo, bombeiros, um monte gente na rua e cachorros latindo sem parar", disse Angélica Passos, que mora com o marido e a filha a cerca de 50 metros do local do incêndio.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o coletivo da linha 308 passava pela Rua Serra de Santana, por volta das 22 horas, quando foi parado por assaltantes. A Polícia Militar (PM) confirmou que os bandidos levaram dinheiro dos passageiros e do caixa do ônibus antes de atearem fogo. O combustível também teria sido jogado contra as pessoas, que correram assustadas.
Na área de permanência dos motoristas do transporte coletivo no Terminal Central, o clima de preocupação é grande. O motorista Dilson Almeida levou o filho ao trabalho justo no dia seguinte ao incêndio. "A gente tenta preservar a família disso, não levar preocupação para eles, mas fica difícil", disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Coletivo em Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva, reconheceu que os motoristas estão expostos ao perigo, mas disse que não vê saída para diminuir o risco. "O ideal seria cada carro sair com uma escolta, mas a gente sabe que a Polícia Militar não tem estrutura para isso", afirmou. O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Londrina (Metrolon) afirmou, por meio de nota, que medidas de segurança que "não podem ser reveladas para não prejudicar o cumprimento, já foram tomadas em conjunto com os órgãos de segurança competentes".
Em entrevista coletiva, ontem, o secretário de Segurança Pública, Cid Vasques, voltou a afirmar que o Estado qualifica os ataques a ônibus como atos isolados. Para ele, os atentados não seriam atividade do crime organizado. "O que estamos percebendo são ações isoladas, sem vinculação específica", disse.
Mesmo considerando a maioria dos atos como vandalismo, Vasques ressaltou que o Estado está em alerta a qualquer movimentação anormal dentro das unidades prisionais.