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Deficientes

Inclusão ainda pela metade

Curso do Senac/Risotolândia em Araucária: antes, aulas de informática; depois, a prática de auxiliar de cozinha | Arquivo/ Gazeta do Povo
Curso do Senac/Risotolândia em Araucária: antes, aulas de informática; depois, a prática de auxiliar de cozinha (Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo)

A integração de pessoas com deficiência, seja ela intelectual, física, auditiva ou visual, no mercado de trabalho avançou muito com a implantação da Lei 8.213/91, que prevê a contratação de cotas de pessoas especiais em relação ao quadro geral de funcionários. Porém, a demanda maior expôs a falta de qualificação de pessoas com esse perfil. Pensando nisso, instituições como o Sistema S e a FAS, da prefeitura de Curitiba, oferecem vagas em cursos técnicos e profissionalizantes a deficientes e garantem espaços e materiais adaptados.

A expectativa das empresas por pessoas com deficiência qualificadas às vezes é muito maior que a procura desses indivíduos pelos cursos técnicos. Quem diz isso é a coordenadora do Programa de Inclusão do Sesi, Regiane Ruivo Maturo. "O mercado busca muito esses profissionais hoje devido à legislação, principalmente as grandes organizações. Hoje as pessoas com deficiência são muito valorizadas no mundo do trabalho", diz ela.

Regiane conta que, entre as soluções que o Senai, uma das empresas do Sistema S, adota é aconselhar as áreas de Recursos Humanos das organizações a flexibilizarem o perfil de seus candidatos e a disponibilizarem espaço e pessoal na instituição para a realização de cursos voltados às necessidades das empresas. "Elas solicitam ao Senai, que em conjunto com a organização forma a turma. Depois são especificadas as necessidades de adequação de acordo com as deficiências dos alunos e, posteriormente, são feitas as adaptações", diz ela.

Já nos Liceus de Ofícios da Fundação de Ação Social (FAS), da prefeitura de Curi­tiba, qualquer pessoa pode se inscrever para um dos 160 cursos gratuitos oferecidos em 15 áreas. Nesses espaços, as pessoas com deficiência são inseridas nas turmas regulares. "Nunca recusamos um aluno. Se não temos estrutura naquele momento, fazemos as adaptações até o início do curso", conta Eloá Barroso Serpa, diretora de geração de trabalho e renda da FAS.

Ela explica que todos os Li­­ceus têm acessibilidade fí­­sica e de atendimento e que entre as adaptações estão a contratação de intérpre­­te de Libras para surdos, altera­­ções em equipamentos e má­­quinas e adequação de apostilas. "A inclusão objetiva converter a imagem de alguém que precisa de ajuda para a de alguém que protagoniza sua própria história", diz.

Regiane completa que entre os benefícios dessa capacitação, e consequente integração no mercado de trabalho, está a redução da segregação e do preconceito. "Mostramos para a sociedade que estamos contratando competência e não deficiência", diz.

Araucária tem parceria pelos aprendizes

Uma parceria entre o Senac e a Risa/Risotolândia, empresa do ramo de alimentação e serviço, com o apoio da prefeitura de Araucária, oferece gratuitamente o curso de aprendizagem de auxiliar de cozinha para alunos com deficiência intelectual leve, da Apae do município. São 25 alunos por turma que fazem aulas teóricas e práticas e depois são contratados pela empresa. Como são aprendizes, o registro na carteira já lhes garante renda e motivação.

"É bom ter a carteira assinada, essa oportunidade não se acha assim", diz Gui­­lherme Rocha, de 14 anos. Ro­­drigo Floriano tem 17 anos e mostra muita empolgação. "Pa­­ra entrar em uma empresa é preciso estudo. Se não fosse esse curso não trabalharia", diz.

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