Cascavel Pelo menos cem famílias de um dos maiores acampamentos de sem-terra do Paraná, em Cascavel, devem finalmente conseguir uma área para assentamento. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou ontem a aquisição de uma área de quase mil hectares da Fazenda Cajati, em Cascavel, para o assentamento de até 110 famílias.
Na área total da fazenda, que passa de 3 mil hectares, existem pouco mais de mil famílias de sem-terra distribuídas em quatro acampamentos.
Enquanto o Incra finaliza a parte burocrática da aquisição da área, entre os sem-terra é grande a expectativa para conseguir um pedaço de terra. O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem- Terra (MST) e líder dos acampamentos, Celso Ribeiro Barbosa, diz que a prioridade será dada às famílias mais antigas. Ele diz que dezenas de pessoas estão acampadas no local desde 1999 à espera dessa oportunidade.
Segundo o líder dos sem-terra em Cascavel, a aquisição da Cajati pelo Incra é motivo de festa. "Com essa compra, o Incra mostra força", afirma Barbosa, que ontem passou boa parte do dia na área adquirida, onde os acampados já preparam a terra para o plantio de milho e feijão. Na safra de verão do ano passado os sem-terra plantaram 240 alqueires na Cajati.
Ao anunciar a audiência pública para aquisição da Fazenda Cajati, ontem, em Curitiba, o Incra emitiu nota em que afirma que a compra da área "será um grande passo na resolução do maior conflito agrário existente hoje no estado".
Os 963 hectares de área da Fazenda Cajati foram adquiridos por R$ 10.395.378,66, dos quais R$ 10.305.133,29 referentes ao valor de mercado da terra nua serão pagos em Títulos da Dívida Agrária (TDAs), com prazo de resgate de 2 e 5 anos. Os R$ 90.245,37 restantes, relativos às benfeitorias, serão pagos à vista, em dinheiro.
Impasse
Na sexta-feira passada, dois grupos de sem-terra dos acampamentos localizados no Complexo Cajati entraram em conflito por causa de divergências. A divergência surgiu numa área de 60 alqueires, na Fazenda Rimafra, ocupada há três anos. Um grupo do acampamento Dorcelina Folador, descontente com a divisão de terra, decidiu sair da área onde estava e ocupar outra área, na Fazenda Rimafra. Os sem-terra que já estavam na área da fazenda resistiram. A polícia chegou a ser chamada e fez um boletim de ocorrência.