Cascavel A unidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Cascavel (Oeste do estado) foi invadida ontem por causa de uma disputa entre grupos sem-terra rivais. Cerca de 60 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) de Rio Bonito do Iguaçu cobraram providências do Incra sobre uma área de 1,3 mil hectares cedida para assentamento, mas que está ocupada por sem-terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MTR).
Os manifestantes querem que o órgão federal pressione a Justiça para acelerar um processo de reintegração de posse que tramita há dois anos na Justiça Federal, em Pato Branco. O terreno em questão é uma área contínua que pertencia à antiga Fazenda Araupel, com sede em Quedas do Iguaçu, onde seriam assentadas 69 famílias. Todos já foram selecionadas pelo Incra e desde 2005 têm contrato assinado, mas não conseguem ocupar a área por causa da invasão mantida pelo MTR.
O clima entre os dois grupos é tenso. Um sem-terra, João Ciebre Machado, ligado ao MST, foi assassinado no ano passado por homens do grupo rival. Na semana passada outro membro dos assentados foi baleado. O grupo denuncia que está sendo hostilizado com freqüência e relata que diariamente são escutados tiros disparados sobre os barracos.
A chefe do Incra em Cascavel, Fiorinda Pezzatto, informou que a assessoria jurídica do órgão espera obter uma sentença da ação dentro de aproximadamente 20 dias.
Na ocupação, os sem-terra do MST também pediram a liberação de cestas básicas para as 60 famílias o repasse estaria atrasado há seis meses e ainda a liberação do chamado recurso de fomento, um dinheiro que o Incra passa às famílias, através de crédito contratado junto a empresas, para o fornecimento de gêneros alimentícios. Como a chefia do Incra anunciou a liberação do dinheiro e de um novo lote de cestas básicas, o grupo de Rio Bonito deixou o instituto no fim da tarde, retornando ao acampamento. (CH)