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O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, rebateu nesta terça-feira (13) os resultados da pesquisa do Ibope sobre a situação dos assentamentos brasileiros. Para o presidente do Incra, a amostra "é muito pequena para se tirar as conclusões apresentadas". A pesquisa, divulgada nesta terça, foi encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Foram ouvidas mil famílias assentadas; segundo o Incra, existem cerca de um milhão de famílias em assentamentos.

"Na minha opinião, essa pesquisa foi direcionada para desqualificar a reforma agrária e dizer que ela não é necessária ao País", declarou Hackbart, em entrevista coletiva convocada há pouco para comentar a pesquisa do Ibope. "Eu digo que a reforma agrária é necessária e não só para produção, mas para diminuir as desigualdades no País", completou.

O presidente do Incra rebateu principalmente a conclusão da pesquisa de que 72,3% dos assentamentos avaliados não geram renda com a produção, dos quais 37% não produzem nada. "É totalmente equivocado pegar o dado de produção para questionar a reforma agrária porque estamos falando de um universo de pessoas excluídas", afirmou Hackbart. Ele acrescentou que também é função da reforma agrária promover cidadania e dar moradia à população excluída.

O outro lado

Ao comentar os dados divulgados pela CNA, Hackbart anunciou que até o fim do ano o Incra terá os resultados de um levantamento que está sendo feito pela área técnica do instituto para ter dados precisos sobre a produção nos assentamentos. "A amostragem que vamos ter será muito mais representativa e devidamente extratificada, levando em consideração as características específicas das comunidades e das regiões", comentou.

O levantamento, segundo ele, está sendo feito por 3,5 mil técnicos do Incra, tomando como base os dados levantados pelas pesquisas domiciliares do IBGE em todo o País. Apesar de não apresentar dados para rebater a conclusão da amostra do Ibope de que 37% das famílias assentadas nada produzem, o dirigente do Incra citou exemplo de assentamentos que têm algumas produções, como um localizado em São Miguel do Oeste (SC), onde se produz 330 mil litros de leite por dia. "Isso não é nada?", questionou. "Nós não estamos num estágio da reforma agrária em que se possa medir o sucesso do processo pela produção ao mercado", completou.

O presidente do Incra também questionou o dado da pesquisa do Ibope mostrando que 46% dos entrevistados têm a terra adquirida de uma outra pessoa, sem vínculo sanguíneo. Segundo Hackbart, o dado com que o Incra trabalha é uma pesquisa interna, feita em 2004, mostrando que apenas 10% das famílias assentadas vendiam as terras recebidas. "Isso é ilegal e nós estamos sempre combatendo essa situação", afirmou ele, lembrando, no entanto, que a lei permite que, após 10 anos de titularidade da propriedade, a terra repassada a assentamentos pode ser comercializada.

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