Técnico encontrou lacres rompidos no posto Flórida, um dos que foram indiciados| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Cronologia

Reportagem da TV Globo revelou o escândalo da adulteração nos postos de combustíveis:

8 jan – Reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, denuncia um esquema de fraude eletrônica em postos de combustível de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. No golpe, o consumidor recebia menos combustível que o informado na bomba. Sem se identificar, a reportagem negociou a instalação do dispositivo que adulterava bombas com Cléber Salazar, dono da Power Bombas, de Curitiba.

9 jan – Justiça decreta a prisão temporária de Cléber Salazar. Ele se entrega no fim da noite e se declara inocente durante depoimento no Ministério Público. Técnicos do Ipem-PR fazem varredura em dois postos atendidos pela empresa Power Bombas.

10 jan – Fiscais do Ipem-PR encontram lacres rompidos em algumas bombas de postos que eram clientes de Salazar, mas nenhum indício da fraude denunciada pelo Fantástico.

11 jan – Ministério Público debate ações com Ipem-PR, Inmetro, Polícia Civil, entre outras entidades, com o objetivo de fechar o cerco às fraudes em postos.

12 jan – Prefeitura anuncia que não renovará alvará da empresa Power Bombas, que venceria no dia seguinte.

17 jan – Balanço do Ipem-PR revela que 12 postos da Grande Curitiba tinham lacres de bombas rompidos. Todas são clientes da Power Bombas. Ao todo, 44 estabelecimentos foram fiscalizados. Justiça concede habeas corpus a Salazar, que estava preso no Centro de Triagem. Ele deixa a cadeia sem dar entrevistas.

Ontem – Nove donos de postos da Grande Curitiba são indiciados pela polícia por causa de irregularidades na venda de combustíveis.

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Nove donos de postos de combustíveis de Curitiba e região metropolitana fiscalizados pelo Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem-PR) foram indiciados ontem pelo delegado Jairo Estorílio, titular da Delegacia do Consumidor. Segun­­do Estorílio, foram encontradas irregularidades nesses estabelecimentos, entre elas, a presença de lacres de bombas rompidos.Eles foram indiciados com base no artigo 1.º da Lei 8.176, de 1991, que considera crime "adquirir, distribuir e revender derivados de petróleo, gás natural e suas frações recuperáveis, álcool etílico, hidratado carburante e demais combustíveis líquidos carburantes, em desacordo com as normas estabelecidas na forma da lei". A pena para este crime varia de um a cinco anos de prisão e multa.

Em depoimento, todos os proprietários indiciados negaram qualquer irregularidade ou fraude. "Os donos tentam se justificar das mais variadas formas, mas não souberam explicar os lacres violados nas bombas", diz o delegado. Segundo ele, os nove empresários interrogados até ontem eram clientes da Power Bombas, de Cléber Salazar, acusado de comandar um esquema de fraude eletrônica que adulterava a quantidade de combustível que era vendida ao consumidor.

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O delegado ressaltou que os proprietários dos postos não foram indiciados por venderem combustível em quantidade menor ao mostrado pela bomba, como foi denunciado pelo programa Fantástico, da TV Globo. Mesmo assim, ressaltou que os lacres rompidos já caracterizam uma irregularidade.

Além dos nove ouvidos nesta semana, o dono de um dos postos não compareceu ao interrogatório nesta sexta-feira. Além destes, outros 11 deverão prestar depoimento na semana que vem, totalizando 21. Segundo o balanço do Ipem-PR, pelo menos 12 postos tinham lacres rompidos, o que causou a interdição das bombas.

Até ontem foram indiciados os donos dos postos DB, Varela, Flórida, Bless Petroleum, Trevo Ultra, Trevo Atuba, Jockey e Arrancadão. O delegado não soube informar o nome do nono posto.

Acusado

Cléber Salazar foi solto na última terça-feira, depois que a Justiça concedeu um habeas corpus. Segundo informações do advogado dele, estaria recolhido em Ponta Grossa. Salazar estava preso desde 9 de janeiro, um dia depois que a reportagem do Fantástico que denunciava a fraude foi exibida.

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O programa revelou que ele instalava um dispositivo eletrônico controlado por controle remoto que mascarava a quantidade de combustível que estava sendo vendida. Em alguns postos de Curitiba, a diferença entre o que a bomba marcava e que realmente ia para o tanque do carro chegava a 1,4 litro.

O despacho do juiz substituto Carlos Augusto de Mello, que analisou o pedido de habeas corpus, concluiu que nos autos do processo não há nenhum elemento que indicasse uma possível intervenção de Salazar nas investigações. Logo, não haveria motivos para manter a prisão temporária do suspeito. Por isso, ele foi solto. O dono da Power Bombas é acusado de estelionato. O alvará de funcionamento da empresa, que venceu no último dia 13, não foi renovado pela prefeitura.