Londrina Índios da Reserva Apucaraninha, em Tamarana, no Norte do estado invadiram a usina hidrelétrica da Copel que está localizada dentro da aldeia (distante 80 quilômetros de Londrina). Eles protestam contra a demora no pagamento de uma indenização, gerada em razão dos impactos ambientais causados pela instalação da usina, há quase 60 anos. A invasão começou no domingo e, apesar do clima aparentemente tranqüilo, os manifestantes impediram a saída dos funcionários que trabalham no local.
Os índios montaram acampamento ontem à tarde e ameaçam atear fogo as instalações da usina, caso os protestos não gerem resultado. Dois galões de óleo diesel foram colocados na porta da usina. "Toda a comunidade está revoltada. Eu não consigo mais controlar a raiva deles", disse o cacique Juscelino Vergílio.
A principal reclamação é em relação a uma série de reuniões dos índios com a Copel, que não estariam surtindo resultados. A última teria ocorrido há um mês. "Prometeram voltar a conversar em 15 dias e até agora não tivemos uma palavra". Os índios também reclamam dos valores anunciados. "Queremos ajuda para sentar e conversar sobre os valores. Já disseram R$ 29 milhões e R$ 7 milhões", completou o cacique.
A invasão está sendo acompanhada pelo presidente do Conselho Indígena do Paraná, Ivan Bribes, que nasceu na aldeia e apóia o grupo. "O que eles (índios) recebem por ano para o uso da terra é pouco. Mal serve para pagar as contas de energia", disse. Os valores pagos pela Copel seriam em torno de R$ 100 mil anuais e as contas dos índios variam entre R$ 70 e R$ 80 mil anuais.
Dois funcionários da Copel, José Carlos Feitosa e José Domingos, são mantidos reféns desde domingo. Feitosa contou que a maioria deles é pacífica, mas existe uma preocupação com pequenos grupos. "Alguns são meio imprevisíveis", disse.
A Usina do Apucaraninha funciona desde 1949 e possui capacidade de produção de energia de até 10,5 megawatts. Atualmente, ela opera só com um gerador de potência de 2,5 megawatts, que produz energia para um vilarejo de 7 mil pessoas.
O procurador da República em Londrina, João Akira, tem uma reunião marcada para hoje com representantes dos índios e da Copel para tomar conhecimento da situação que levou à invasão. Akira afirmou que o acordo para que a Copel indenize os índios por danos ambientais está encaminhado. Procurada pela reportagem, a Copel informou, por meio da assessoria de imprensa, que aguarda uma decisão de Brasília para dar continuidade ao acordo para o pagamento da indenização aos índios.