Depois de 21 dias, cerca de 50 índios que estavam na sede da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), em Curitiba, deixaram o local na noite desta terça-feira (2). A retirada não representa uma pacificação, mas uma mudança de estratégia na manifestação contrária a um decreto assinado pelo presidente Lula que ordenou mudanças administrativas na Funai. "Nos retiramos, mas vamos manter a linha de protestos, com outra estratégia", afirmou o cacique Ivan Bribis, da tribo caingangue de Apucaraninha, na região Norte do Estado.

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Segundo o presidente da ONG Aldeia Brasil, Oswaldo Eustáquio, os índios vão agora discutir dentro de suas aldeias qual seria o caminho mais indicado para manter a mobilização. "Nosso objetivo é sermos recebidos pelo presidente Lula ou pelo ministro Tarso Genro (Justiça) e conseguir a revogação do decreto que mudou a Funai", disse o cacique Bribis. O decreto foi assinado pelo presidente Lula e publicado no dia 29 de dezembro e, entre outras coisas, retira do Paraná todas as três coordenações da Funai, que foram transformadas em núcleos.

"Como núcleo, não haverá mais autonomia orçamentária e tudo o que precisarmos ficará na dependência ou de São Paulo ou de Santa Catarina", explica o cacique. Ele também afirma que os índios não querem mais se reunir com representantes da Funai porque, segundo ele, havia a promessa da Funai que pelo menos uma das coordenadorias do Paraná seria mantida, o que não aconteceu.

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Nestes 21 dias de protestos, os índios, além de ocuparem a sede da Funai em Curitiba também fizeram outros protestos, como a ocupação de uma praça de pedágio e, o mais violento deles, a destruição de um carro da Funai em Londrina, que acabou incendiado. Além disso, os índios das etnias guarani e xetá, que junto com os caingangue mantém o protesto, ameaçaram botar fogo nas torres de energia elétrica que passam pela aldeia em mangueirinha.

Nesta terça-feira (2), representantes indígenas participaram da Escola de Governo, comandada toda terça-feira pelo governador Roberto Requião. Também se reuniram com representantes do Ministério Público Estadual e Federal, mas nem assim ficaram convencidos que teriam apoio para suas reivindicações. "As negociações não avançaram como imaginávamos. Já vimos que na parte política não houve avanço, então é hora de mudar de estratégia", disse o cacique Ivan Bribis, prometendo outras ações de protesto.

O Paraná tem 15 mil índios morando em aldeias e outros 10 mil morando em cidades ou fora das aldeias. O estado tinha três coordenadorias, em Curitiba, Londrina e Guarapuava.