O grupo indígena da etnia tupinambá que ocupava, desde a tarde de domingo (7), as dependências do hotel Fazenda da Lagoa, no município de Una, no litoral sul da Bahia, deixou a área pacificamente, na manhã desta quarta-feira (10). De acordo com policiais federais que acompanharam a desocupação, havia poucos índios no local - cerca de 20, dos quase 70 que participaram da invasão, permaneciam no empreendimento.
Os índios teriam começado a deixar a propriedade na tarde de terça-feira, após a Fundação Nacional do Índio (Funai) anunciar que a propriedade ficava fora do terreno reivindicado pelos tupinambás na região - cerca de 47 mil hectares, entre os municípios de Una, Ilhéus e Buerarema.
O hotel de luxo, que tem entre os sócios o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, o empresário Arthur Bahia e a artista plástica Mucki Skowronski, e funciona em uma antiga fazenda de coco e dendê a beira-mar, está fechado desde meados do ano passado, por determinação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A autarquia avalia os impactos ambientais do empreendimento na área.
De acordo com o cacique Valdenilson Oliveira, conhecido como Val Tupinambá, a desocupação do hotel não tem impacto nas outras invasões que a etnia promove na região desde o ano passado. "Nossa luta é para chamar a atenção para nossa causa", alega. Segundo o líder, "mais de 40" fazendas localizadas na região reivindicada pelos índios foram invadidas e estão programadas mais ocupações até o fim do mês.