Brasília - Cinco trabalhadores que ainda eram mantidos reféns por um grupo de indígenas na Usina Hidrelétrica Dardanelos, em Aripuanã, Mato Grosso, a 1.050 quilômetros de Cuiabá, foram libertados na tarde de ontem. A informação é do grupo responsável pela obra, a Energética Águas de Pedra. Em nota, o consórcio diz que, apesar da liberação dos funcionários, a ocupação permanece, "o que impede a continuidade da obra no Rio Aripuanã".
O comunicado informa que, em reunião com a construtora, a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as lideranças indígenas anunciaram que vão preparar uma pauta de reivindicações para deixar o local.
A ocupação começou no domingo. Pintados para a guerra e armados com flechas e tacapes, cerca de 250 índios de 11 etnias tomaram o canteiro de obras da hidrelétrica e fizeram pelo menos 280 funcionários reféns.
Indenização
Segundo a Funai, os índios reivindicam ações de reparação porque a hidrelétrica está sendo construída em cima de um cemitério sagrado. A Águas da Pedra nega a existência do cemitério baseada em laudos arqueológicos , diz que o impacto ambiental da hidrelétrica será baixo e que os índios não seriam atingidos diretamente pela obra, uma vez que a aldeia mais próxima fica a 42 quilômetros de distância.
De acordo com Antônio Carlos Ferreira de Aquino, coordenador regional da Funai, a obra da hidrelétrica começou há cerca de três anos e, por uma falha no processo de licenciamento, a usina foi construída sobre um cemitério indígena. O grupo diz que já cansou de esperar por uma resposta, por isso partiu para uma ação mais radical. "Estamos esperando desde 2005. Cansamos!", garante o líder indígena Aldeci Arara.
Por meio de nota, a Funai confirmou que todos os 300 trabalhadores mantidos reféns já foram libertados e que não houve nenhum tipo de agressão. A fundação destacou ainda que chegou a fazer uma série de ressalvas no estudo de impacto ambiental, apresentado pelo grupo responsável pela construção da hidrelétrica. A empresa se comprometeu a entregar o Plano Básico Ambiental, com as compensações ou ações mitigadoras referentes ao impacto social provocado na região.
A decisão ficou acordada em junho deste ano, e o documento final deveria ter sido entregue no último dia 22, o que não ocorreu. Para a Funai, o fato de os índios não saberem as compensações ou ações de mitigação provocou revolta e ocasionou a ocupação da hidrelétrica na manhã de domingo. Os índios são das etnias Cinta Larga, Arara, Kayaby, Apiaká, Zoró, Menkü e Enawenê-Nawê. "Vamos tacar fogo em tudo, queimar os barracos ou arrebentar a barragem, se não formos atendidos dentro do prazo", ameaça Aldeci Arara, um dos líderes do movimento, que aguarda uma solução até esta terça-feira. Outros 800 índios aguardam comando para reforço, caso necessário.
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