Um grupo de 145 índios das etnias mundurucu, xipaia, arara e caiapó ocuparam nesta segunda-feira (10) a sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Brasília em protesto contra a falta de diálogo com o governo federal. Os índios querem ter poder de veto nas consultas prévias para a implantação de usinas hidrelétricas na região do Rio Tapajós.
A ocupação do prédio da Funai acontece no primeiro dia útil após o pedido de exoneração da presidente da fundação, Marta Maria do Amaral Azevedo, por motivo de saúde. "Os funcionários da Funai estão sendo orientados a deixar o prédio e amanhã não serão autorizados a entrar", afirmou a liderança indígena Valdemir Mundurucu.
Uma reunião entre os índios e o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, marcada para às 10 horas da manhã desta segunda-feira não aconteceu e os dois lados têm duas versões para justificar a sua não realização.
Os índios afirmam que não aceitaram a condição imposta pelo governo de formar uma comissão de dez representantes para a reunião em que discutiriam sobre as hidrelétricas. Além disso, dizem que foram recebidos por cerca de 10 homens do exército e 20 da Polícia Militar. "Dissemos que se quisesse conversar com todos, tudo bem, porque queremos que ouçam o que o secretário tem a dizer, avaliem e opinem. Mas o governo quer nos dividir, nos ameaçar", disse Mundurucu.
A secretaria-geral da Presidência informou afirmou, em nota, que as lideranças indígenas "se recusaram a participar da reunião, limitando-se a protocolar um documento na Presidência da República". No texto, Carvalho "lamenta a perda desta oportunidade de diálogo e reafirma sua disposição em continuar a negociação com vistas a realizar um amplo processo de consulta prévia sobre os empreendimentos hidrelétricos na região da bacia do rio Tapajós".
Pela manhã, durante um evento no Rio, Carvalho se posicionou sobre o problema dos conflitos entre indígenas e fazendeiros no MS e disse que o diálogo é o único caminho para resolver a questão.
"Do jeito que está a questão indígena no País, ou a gente consegue dialogar, pondo à mesa os indígenas, os fazendeiros ou famílias atingidas por demarcações (de terras) indígenas, e nos pomos de acordo, ou não tem saída, é guerra. Não queremos guerra", disse o ministro, ao participar da posse de oito comissões de representantes sindicais das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
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