Insatisfeitos com a reestruturação que o governo federal pretende fazer na Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas de várias etnias fizeram protestos ontem no Paraná e em Brasília. Cerca de 60 índios guaranis e caingangues da reserva Kakané-Porã, em Curitiba, ocuparam o escritório do órgão. Em Mangueirinha, cem índios guaranis e xetás bloquearam a BR-373, em dois pontos da rodovia, até o fim da tarde. Segundo o Decreto 7.056, publicado em 28 de dezembro, os três escritórios de administração executiva da Funai no Paraná deixarão de existir, e o atendimento aos cerca de 20 mil índios que moram no estado passará a ser controlado por uma coordenação sediada em Santa Catarina. "Queremos explicações sobre esse decreto. Ninguém da Funai nos explicou nada até agora", diz Carlos Ubiratan, cacique da Kakané-Porã.As mudanças fazem parte de um processo de reestruturação da Funai. Até o decreto, o órgão estava dividido em 44 escritórios de administração regional e 24 núcleos de apoios locais no Paraná, havia escritórios em Curitiba, Londrina e Guarapuava, e um núcleo de apoio em Paranaguá. Com a nova estrutura, surgem 36 coordenações regionais espalhadas em áreas consideradas "estratégicas". O Paraná estado que recebeu, em 1910, a segunda inspetoria do Serviço de Proteção ao Índio (SPI, embrião da Funai) instalada no Brasil ficou sem nenhuma coordenação na listagem divulgada em Diário Oficial.
Segundo o atual administrador da Funai em Curitiba, José Ferreira Campos Júnior, a divisão burocrática traz problemas ao cotidiano dos índios. "Você afasta mais o índio da Funai. Não teremos autonomia para resolver problemas simples, como uma passagem de ônibus pa ra que um índio vá de uma aldeia a outra", explica Campos. Ele afirma que as estruturas físicas serão mantidas e os funcionários continuarão a trabalhar, subordinados, porém, a uma chefia de outro estado. Campos diz que nem mesmo o corpo técnico da Funai no estado recebeu uma posição definitiva. "Disseram que teria ocorrido um erro de digitação e que teremos uma coordenação em Curitiba. Mas não é uma posição oficial", reclama.
Brasília
A sede da Funai, em Brasília, também foi alvo de protestos. Cerca de 300 índios potiguaras da Paraíba e de Pernambuco bloquearam a entrada do local. Os índios pediram a renúncia do presidente do órgão, Márcio Meira, e exigem uma audiência com o presidente Lula e o ministro Tarso Genro, da Justiça.
Eles reclamam do possível fechamento da administração regional da Funai de João Pessoa. De acordo com os manifestantes, a Funai quer que os índios assistidos pela administração pernambucana a terceira maior população de índios do Brasil passem a ser atendidos pelas unidades de Fortaleza (CE), Maceió (AL) e Paulo Afonso (BA).
Com o prédio fechado, não houve expediente no local. Uma entrevista de Meira publicada no site da instituição, porém, afirma que haverá contratação de funcionários e que não ocorrerá diminuição no número de estruturas físicas da Funai. Os índios prometem manter as manifestações e ocupações enquanto não tiverem uma audiência com Meira.
Colaborou Rodrigo Kwiatkowski da Silva, da sucursal de Ponta Grossa.
Troca de comando na Câmara arrisca travar propostas que limitam poder do STF
Big Brother religioso: relatório revela como a tecnologia é usada para reprimir cristãos
Cuba e México disparam de posição entre os países que mais perseguem cristãos no mundo
O problema do governo não é a comunicação ruim, mas a realidade que ele criou
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora