Quatorze dos 22 índios retirados da aldeia Maracanã na manhã desta sexta-feira (22) foram recolhidos pelo governo do estado a um hotel no centro do Rio de Janeiro. O local é administrado pela prefeitura e destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade social, ou seja, que são vítimas de violência, não tem onde morar ou estão buscando se reinserir na sociedade.
Segundo a Secretaria de Estado da Assistência Social e Direitos Humanos, os índios permanecerão no local por até 72 horas, até que sejam construídas habitações em um dos três espaços destinados pelo governo a eles: Jacarepaguá (zona oeste), Bonsucesso e São Cristóvão (zona norte).
No hotel, eles tomaram banho, almoçaram e saíram numa van para conhecer os três espaços. O cacique Carlos Tukano, 53, da etnia Tukano (AM), criticou a ação. "Nós perdemos. Enterraram a nossa história. Agora espero que consigam cumprir as promessas feitas", disse.
Ele contou que chegou na aldeia Maracanã há seis anos. Antes disso, morou por dez anos em Duque de Caixas, na região metropolitana do Rio, onde construiu uma casa que agora está para as filhas. "Ainda não sei para onde vou", disse, antes de partir com a van para conhecer os espaços.Remoção
A aldeia Maracanã foi desocupada na manhã desta sexta-feira com a presença Batalhão de Choque da Polícia Militar. As crianças e idosos já tinham sido retirados pela Secretaria de de Assistência Social e Direitos Humanos quando a polícia invadiu o local. Sete manifestantes foram presos.
Homens do Choque empurraram os índios para fora na propriedade. Eles também usaram spray de gás pimenta e bombas de efeito moral. O coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, informou que 200 policiais participaram da ação, entre homens do Bope, do Batalhão de Choque e do 4º Batalhão da PM.
Durante a invasão da polícia, manifestantes fecharam uma pista da Radial Oeste, no sentido leste. Quatro bombas de efeito moral foram detonadas para dispersar os manifestantes que ocupavam a avenida. Um índio ficou ferido e precisou de atendimento médico.