São poucas as chances de o surfista paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 42 anos, escapar do fuzilamento na Indonésia. Ele está isolado à espera da execução, que poderá ocorrer a partir da noite desta terça-feira (28), junto com outros sete estrangeiros condenados à morte por tráfico de drogas. O advogado dele tentaria reverter a situação com mais um recurso apresentado na segunda-feira (27) . Mas o governo indonésio já rejeitou nove pedidos de clemência feitos pelo governo brasileiro desde 2005 e há um mês ignorou dois laudos médicos atestando que Gularte sofre de esquizofrenia, doença que o livraria da execução.
Representante do Ministério das Relações Exteriores, Leonardo Carvalho Monteiro estava com Gularte quando ele foi informado da execução no sábado (25), no presídio da Ilha de Cilacap. Pelas leis indonésias, o condenado deve ser avisado com 72 horas de antecedência e, transcorrido esse prazo, pode ser executado a qualquer momento. Portanto, embora a data e o horário não tenham sido divulgados, Gularte poderá ser fuzilado ainda nesta terça-feira (28). O governo brasileiro disse que manterá os esforços diplomáticos para evitar o fuzilamento.
Apesar das chances cada vez mais reduzidas, a família ainda tem esperança de livrar Gularte da pena de morte. “Vamos lutar até o fim”, disse a prima dele, Lisiane Gularte de Carvalho. A mãe do condenado, Clarice Muxfeldt, não está em condições de viajar para a Indonésia. Ela mora em Matinhos, litoral do Paraná, onde está sob medicação e amparada por familiares. Outra prima de Goularte, Angelita Muxfeldt, está na Indonésia e o tem visitado na prisão de Nusakambangan, a 400 km da capital Jacarta, onde ele é mantido preso e as sentenças de morte costumam ser cumpridas.
A família se apega às leis do país. Pelo Código Penal da Indonésia, pessoas com doenças mentais não podem ser responsabilizadas por seus atos. O recurso desta segunda-feira (27) seria para reforçar a condição de esquizofrênico. No ano passado, a embaixada brasileira requereu a internação de Goularte num hospital psiquiátrico baseada em um diagnóstico de psicose paranoica. O governo indonésio encomendou sua própria avaliação médica e no laudo o psiquiatra H. Soewadi recomendou a internação. “Infelizmente os laudos nem foram considerados”, diz Lisiane.
Rodrigo Gularte foi preso em 2004 ao tentar entrar na Indonésia com 6 quilos de cocaína em pranchas de surfe e condenado à morte em 2005. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado à morte por tráfico de drogas. O presidente indonésio Joko Widodo rejeitou o pedido de clemência da presidente Dilma Roussef em favor de Archer. O fuzilamento gerou uma crise diplomática entre o país asiático e o Brasil.