Inexperiência ou depressão pós-parto podem ser a causa

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Apesar da confissão da mãe de que Nicole morreu ao cair de seus braços enquanto a amamentava, a polícia segue as investigações para saber o real motivo da morte da criança. Se a versão da queda for confirmada, dois médicos psiquiatras e uma psicóloga consultados pela reportagem levantam dois motivos que podem ter levado o bebê à morte: inexperiência da mãe, de apenas 19 anos, em lidar com uma criança recém-nascida ou depressão pós-parto.

Para o psiquiatra Rui Sampaio, do Instituto de Criminalística (IC) do Paraná, há maior probabilidade de que a morte tenha sido acidental. "Inicialmente ela parece não apresentar nenhum quadro de psicopatologia. Mas isso apenas exames mais detalhados podem confirmar", afirma. Sampaio acredita mais que a morte tenha ocorrido pela inexperiência de Karla em lidar com um bebê. "Ela é uma pessoa muito jovem, que talvez não tenha tido orientação suficiente", comenta Sampaio, que ontem coordenou a sessão de hipnose pela qual Karla passou no IC.

Por telefone, o também médico psiquiatra Élio Luiz Mauer, chefe do Departamento de Medicina Forense e Psiquiatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também afirma ser impossível fazer um diagnóstico do caso sem maiores informações. Entretanto, além da hipótese de acidente por imaturidade, ele afirma que Karla pode ter passado por um quadro de depressão pós-parto. Um possível indício disso é o fato de a mãe ter deixado a criança cair. "Se ela era tão cuidadosa, como dizem os familiares, e mesmo assim deixou a criança cair, pode ser que algo tenha mudado. Mas isso só os exames vão comprovar", ressalta.

A psicóloga Maria Helena Budal da Silva, que atende gestantes em seu consultório, explica que falta de cuidados e indiferença com o bebê são alguns dos indícios de depressão pós-parto – psicopatologia que atinge cerca de 15% das mulheres que têm bebê. "É difícil a mãe não ter o devido cuidado com a criança. Essa desatenção pode ser resultado da depressão pós-parto", considera a psicóloga, que também ressalta que um diagnóstico definitivo só pode ser feito após todos os exames.

Se a depressão for confirmada, esse não seria o único caso nos últimos anos na grande Curitiba. Em maio de 2006, um menino de sete meses foi morto pela mãe, em Curitiba. Exames psiquiátricos constataram que a mulher sofria de depressão pós-parto. (MXV)