O atendimento médico a uma criança com uma grave infecção intestinal pôs novamente em evidência o risco de se consumir água de fontes públicas em Curitiba. A menina Kailany Oliveira Santos, de apenas dois anos, foi levada pelos pais à Unidade de Saúde do Boa Vista no sábado. A médica Letícia Corrêa da Silva, que fez o primeiro atendimento, afirma que a garota estava em estado de choque e corria risco de morte por causa de uma forte disenteria.
Kailany foi imediatamente encaminhada ao Hospital de Clínicas (HC), onde recebeu tratamento adequado e, embora ainda esteja internada, está fora de perigo. A médica suspeita que a causa da enfermidade da menina tenha sido a ingestão de água contaminada da bica do Parque Bacacheri.
A mãe de Kailany, a balconista desempregada Gisele Oliveira da Silva, conta que a menina bebeu a água da fonte quando passeava no parque na sexta-feira. "Ela não comeu nada diferente; só bebeu a água no parque", diz a mãe. A assessoria de imprensa do HC informou, porém, que ainda não é possível dizer se foi a água da bica que causou a infecção intestinal na menina.
A coordenadora da Vigilância em Saúde Ambiental da prefeitura de Curitiba, Lúcia Isabel de Araújo, alerta porém que a população tenha cuidado ao consumir a água das fontes públicas da cidade. Das 43 bicas avaliadas periodicamente pela prefeitura, 40 estavam fora de padrões aceitáveis para consumo na última análise laboratorial, realizada neste mês. Nesses locais, a prefeitura coloca placas informando que a água é imprópria para o consumo, mas é comum que elas sejam depredadas por vândalos.
A fonte do Parque Bacacheri, no entanto, estava no seleto grupo das três bicas que não estavam condenadas pela Saúde. "Eu fico até mesmo um pouco perplexa, porque a fonte do Parque Bacacheri nunca deu coliforme fecal (indicador da contaminação com fezes) nos exames", diz Lúcia. "De qualquer maneira, o caso, mesmo sendo só uma suspeita, serve de alerta." De acordo com ela, a chegada do verão eleva o risco, pelo maior consumo da água das bicas.
A coordenadora da Vigilância em Saúde Ambiental explica que muitas vezes a água da fonte pode não estar contaminada, mas a torneira sim. Para isso, basta que a torneira seja manipulada por uma pessoa que tenha defecado e não lavou as mãos. A sujeira nas torneiras, aliás, é um mal freqüente em outra fonte muito procurada pelos curitibanos, a do Bosque Gutierrez. Segundo Lúcia, a água da fonte, segundo as avaliações, não está contaminada com esgoto; mas as torneiras costumeiramente estão sujas.
Lúcia recomenda que a população não busque se abastecer nas fontes (mesmo nas três que não foram condenadas pela Saúde). A preferência deve ser pela água fornecida pela Sanepar. "Mas as pessoas procuram as fontes porque querem consumir uma água sem cloro [justamente o produto que promove a desinfecção]." Se ainda assim a pessoa insistir em consumir a água das fontes, a dica para evitar uma possível contaminação é fervê-la por 10 minutos depois do começo da ebulição. Ou despejar duas gotas de água sanitária em cada litro de água a ser consumida, e esperar pelo menos 30 minutos para o produto agir, antes de consumi-la.
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