A taxa mundial de novas infecções por aids está em queda em quase todo o mundo, porém, no Brasil, a epidemia cresce, segundo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas HIV/Aids (Unaids). O país teve um aumento de casos de 11% entre 2005 e 2013. No mundo, houve recuo de novos casos, de 28%. Já na América Latina, houve uma diminuição lenta do número de novas infecções, de 3%, no período.
No fim do ano passado, a estimativa era de que 1,6 milhão de pessoas viviam com HIV na região. Luiz Loures, diretor-executivo adjunto do Unaids, explica que o recuo dos novos casos ocorre de forma significativa em países mais afetados, como os africanos. No caso da África do Sul, por exemplo, houve redução de 39% nos novos casos. No entanto, fora do continente africano, há uma "nova onda" da epidemia, impulsionada por grupos vulneráveis, como o dos homossexuais homens. O fenômeno inclui o Brasil:
"No caso da Europa e das Américas, a epidemia está crescente entre os gays homens. Principalmente os jovens. Esse é o caso do Brasil", afirma Loures. "De certa forma, é como se estivéssemos voltando no tempo, à epidemia que vimos nos anos 1980. Há uma contradição, já que esses grupos foram justamente os que começaram a mobilização em torno do combate à doença."
Entre os motivos que explicam esse crescimento, Loures cita a discriminação que dificulta o acesso a serviços médicos e a redução no uso de preservativos, baseada na falsa ilusão de que a epidemia acabou.
2030
Segundo a Unaids, o novo dado mundial permite acreditar que a epidemia poderá ser controlada até 2030 e até encerrada em cada região apesar de algumas localidades apresentarem crescimento. O anúncio acontece quatro dias depois da Organização Mundial de Saúde afirmar que há um crescimento alarmante da doença em grupos de risco e recomendar o uso de antirretrovirais para todos os homens que fazem sexo com outros homens.
O relatório da Unaids também afirma que o acesso aos medicamentos aumentou em 77% nos últimos três anos. No Brasil, assim como em Chile, El Salvador, México, Peru e Venezuela, mais de 40% dos infectados têm acesso a antirretrovirais "Mais do que nunca, há uma esperança de se acabar com a aids. Entretanto, uma abordagem no atual ritmo não acabará com a epidemia", afirmou o relatório da Unaids.
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