Trânsito
Tráfego segue bloqueado e estação reabre
O trânsito segue bloqueado na Avenida João Gualberto, entre as ruas Moyses Marcondes e Manoel Eufrásio. Agentes da Diretoria de Trânsito (Diretran) orientam os motoristas, que precisam desviar da quadra pelas duas vias rápidas paralelas (Campos Sales e Nicolau Maeder). Os biarticulados fazem o mesmo desvio. A estação tubo Bom Jesus, que havia sido fechada, voltou a funcionar.
Ainda não há estimativa de quando a rua será desbloqueada. A liberação da João Gualberto, inclusive a canaleta e a outra pista lateral não atingida, depende das obras de reparação a ser feitas pela Novaes Chemin Engenharia, responsável pelo empreendimento. Como o tráfego de veículos causa trepidação na rua, o bloqueio será suspenso apenas quando a cratera for fechada e o solo for considerado estável.
As três edificações vizinhas à obra seguem interditadas pela Defesa Civil. Segundo o órgão, as construções do lado direito, onde fica uma floricultura e uma funerária, estão mais comprometidas e devem passar por uma reforma ou reconstrução para voltarem a ser ocupados. Já a outra construção, que abriga moradias e comércios, não tem danos estruturais e pode ser liberada assim que a situação na rua estiver estável.
As famílias que moram no local foram retiradas do prédio na quinta-feira com o auxílio da Defesa Civil. Segundo o órgão, elas seguiram para a casa de parentes com pertences mais leves. É o caso de Ariadne Micheluzzi, estilista de 29 anos, e o marido Diogo, analista de sistemas também com 29. "Essa noite [quinta para sexta] a gente passou na casa de parentes meus em Piraquara, mas complica porque o meu marido trabalha em Curitiba. Estamos praticamente acampados, porque estamos sem nossas coisas", conta Ariadne. (OT e Fernanda Trisotto)
As primeiras análises do acidente que causou a abertura de um grande buraco na Avenida João Gualberto, no bairro Juvevê, em Curitiba, apontam uma combinação de fatores para explicar o fato. Problemas de infiltração no subsolo da avenida aparecem como a causa mais provável, sendo possivelmente agravados pelas condições na estrutura da obra. Na madrugada de quinta-feira, parte da pista cedeu sobre a fundação de um prédio em construção, abrindo a cratera de 6 metros de profundidade, bloqueando o trânsito e causando vários transtornos.
A Chemin Novaes Engenharia, responsável pelo projeto, avalia que a pista cedeu devido a um solapamento de terra quando a água de vazamentos retira a estabilidade do solo. Ontem, a empresa permitiu a entrada da reportagem da Gazeta do Povo no local, que está isolado desde o acidente e foi fechado com tapumes. João Humberto Chemin, engenheiro responsável pela obra e sócio da construtora, mostrou uma galeria da qual vertia água, localizada abaixo da rua danificada.
Segundo ele, aquela é a rede coletora de águal pluvial, que estaria vazando há algum tempo. "Depois que a terra ruiu, chegamos a ficar com 30 centímetros de água em toda a obra", diz. Ainda na avaliação de Chemin, há ligações de esgoto na rede, o que explica verter água mesmo sem chuva nos últimos dias. "Na quarta-feira, antes do desabamento, fizemos uma reclamação sobre o vazamento à Sanepar", diz Chemin.
Na quinta-feira, depois do acidente, a Sanepar informou ter detectado um vazamento na região, mas avaliou que o rompimento ocorreu por causa do deslizamento. Ontem, operários da Secretaria Municipal do Urbanismo e técnicos da construtora trabalhavam no local.
Estrutura
Dentro da obra, a estrutura mais prejudicada foi a cortina (muro de arrimo que separa a construção e a rua no subsolo), que cedeu no deslizamento. Ontem, técnicos da prefeitura estimaram que poderia haver problemas na fundação da obra, um edifício comercial de 20 andares. A construção tem uma década e ficou parada por cerca de quatro anos, segundo moradores.
Chemin confirmou que a cortina é a mesma do início das obras, mas ressaltou que não está se eximindo de executar as medidas de recuperação do local. "Quero entregar a normalidade ao bairro do Juvevê o mais rápido possível."
João Carlos Perossolo, engenheiro civil da área técnica do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), diz que as cortinas não são projetadas para durar tanto tempo. "A cortina de contenção é provisória, para que em um prazo rápido você execute as lajes, que vão verdadeiramente barrar o solo da rua", afirma. "Quando fica por muito tempo, podem acontecer mudanças no solo que ela está segurando. Se acontecer um vazamento de água não detectado, a pressão pode exceder o esforço para a qual a cortina foi projetada."
Fiscalização
A prefeitura não faz fiscalizações espontâneas durante a construção de edifícios. Apenas em caso de denúncia, técnicos da Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi) visitam o canteiro.
Antes do início de uma obra, a empresa solicita à secretaria de Urbanismo um alvará de construção. Esta liberação pode incluir restrições ao tamanho ou ao tipo do empreendimento, conforme o zoneamento urbano. No fim do trabalho, o Urbanismo e o Cosedi verificam se o edifício foi construído conforme as especificações do alvará. Em caso positivo, o construtor recebe o Certificado de Vistoria de Conclusão de Obras (CVCO).
Suspeitas de irregularidades devem ser informadas pelo número 156. Ontem, a Gazeta do Povo solicitou a quantidade de denúncias, vistorias e irregularidades detectadas, mas a prefeitura informou que o levantamento não poderia ser feito a tempo até o fechamento desta edição. Segundo o Sinduscon-PR, Curitiba tem 11,7 mil projetos de edifícios com alvará de construção liberados.
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