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Rio de Janeiro – A inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre o final da década de 80 e 2003 pode estar superestimada, o que explica por que a renda real (que é deflacionada pela inflação oficial) cresceu bem menos do que o consumo. Para Irineu de Carvalho Filho e Marcos Chamon, autores do estudo "O mito da estagnação da renda pós-reformas no Brasil", a superestimação da inflação é a causa básica da discrepância entre o baixo crescimento da renda das famílias naquele período, medido pelas estatísticas oficiais, e o aumento do consumo por eles detectado. Na verdade, a razão mais profunda para aquela diferença seria que grandes benefícios para a população, especialmente a mais pobre, associados ao fim da hiperinflação e à abertura econômica nos anos 90, não estariam sendo captados pelos índices de preços.

Viés

O IBGE contesta o trabalho de Carvalho Filho e Chamon, economistas brasileiros que trabalham no Fundo Monetário Internacional (FMI). "É inconcebível que haja um viés desta magnitude", diz a diretora de Pesquisas do IBGE, Wasmália Bivar. "Viés" é a palavra que os economistas usam para chamar a diferença entre a inflação real e aquela medida pelos índices de preços.

É um fato comprovado recentemente – e Wasmália não o nega – que os Índices de Preços ao Consumidor (IPCs) de muitos países tendem a superestimar a inflação. Nos Estados Unidos, este efeito já foi calculado, e é de cerca de 1% ao ano. O que a diretora do IBGE acha praticamente impossível é que o viés no Brasil atinja 3%, como está no trabalho dos economistas do FMI.

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