Com a mensalidade de escolas particulares de ensino médio bilíngue custando até R$ 12 mil por mês, uma iniciativa do estado do Rio de Janeiro tem possibilitado essa modalidade de educação intercultural gratuitamente para adolescentes que não teriam acesso de outra forma. “Nossa escola, por exemplo, fica dentro de uma comunidade de Niterói, Preventório, que é lugar de risco alto e zona de conflito com a polícia e com o pessoal do tráfico”, relata o professor Cícero Tauil Queiroz.
Diretor do Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) Intercultural Brasil-França — primeira das 20 escolas desse modelo inauguradas pelo estado —, ele explica que a iniciativa começou em 2014, quando diversas empresas francesas se instalaram no Rio.
“Surgiu, então, essa ideia de parceria entre o governo carioca e o governo francês, por meio da embaixada no Brasil e também do consulado”, relata o educador, que viu o projeto começar com três turmas de 32 alunos cada.
De acordo com ele, a rotina da instituição é semelhante às demais escolas integrais da rede estadual – com aulas das 7h às 17h e quatro refeições servidas durante o dia –, mas o contato dos alunos com o idioma francês é o diferencial, já que parte do conteúdo de todas as disciplinas do currículo normal do ensino médio é transmitida em francês, além de outras atividades voltadas ao aprendizado do idioma durante o dia.
“Principalmente nos projetos voltados apenas ao aprendizado da língua francesa, como as aulas do Núcleo de Integração Linguística”, pontua o professor, ao citar ainda programas como o Vida e Cultura, que trata da cultura francesa “com aula toda em francês”, completa.
Além disso, ele explica que os professores que atuam na escola passaram por um processo de seleção para verificar, além da expertise na área, o nível de proficiência no francês. Após a escolha, os docentes passaram por uma formação inicial no Brasil e na França para entender a metodologia inovadora de ensino, e o processo continuou após o início das aulas.
“E a dedicação do professor ao projeto era de 30 horas semanais, sendo 22 na disciplina e oito em ações de integração, ideias e planejamento”, relata Queiroz, ao firmar que isso “aumentava o contato do professor com os alunos e possibilitava o desenvolvimento de outras estratégias e trabalhos de campo”.
O resultado, segundo ele, é que os alunos começam a ficar fluentes já no primeiro ano, e a maioria conclui o ensino médio com nível intermediário avançado. Inclusive, “quando fazem a prova de proficiência da língua aplicada pela Aliança Francesa, a média tem sido 96% de aprovação”, comemora o professor, ao citar ainda notas elevadas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com resultado 53% acima da média estadual, e grande procura pelas vagas da escola.
Parceria entre Seeduc-RJ, embaixadas, consulados e empresas estrangeiras
Hoje, o CIEP Intercultural Brasil-França conta com cerca de 250 estudantes e tem sido modelo para a abertura de escolas bilíngues como a Intercultural Brasil-Inglês. Nessa unidade, a parceria é entre Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) e o consulado norte-americano, na qual o estado se encarrega da parte administrativa da instituição, como direcionamento da grade curricular, manutenção do prédio e contratação de professores.
“Já o consulado realiza ações educativas como palestras e o incentivo à participação dos estudantes em concursos como o Programa Jovens Embaixadores, que seleciona alunos da rede pública para um intercâmbio de duas semanas nos EUA”, explica a professora Dayse Lucide, diretora da instituição. Segundo ela, o objetivo é oferecer “uma educação globalizante, onde o desenvolvimento de habilidades e competências na língua inglesa são os focos centrais”.
Quase 7 mil alunos atendidos em oito idiomas
Segundo a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ), o modelo atende atualmente 6.726 alunos da rede estadual e oferece grades curriculares voltadas ao ensino de inglês, francês, mandarim, espanhol, russo, turco, japonês, alemão e italiano.
De acordo com a professora Roberta Barreto, secretária da pasta, os alunos recebem todos os conteúdos da Base Nacional Comum Curricular “e cada escola ainda busca desenvolver uma área específica do conhecimento”, explica, informando que algumas instituições dão ênfase ao ensino de meio ambiente e sustentabilidade, ciências exatas e tecnologia, negócios e também em programação de softwares.
Para ela, essa proposta “visa a formação plena do estudante” e, por isso, deve continuar crescendo no estado com a abertura de mais quatro unidades até 2024. Além disso, municípios como Duque de Caxias já procuraram a secretaria para criação de escolas municipais com o mesmo modelo intercultural. “Uma proposta que deve ser replicada”, incentiva.
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