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Guarapuava – Um inquérito aberto pelas polícias Militar e Civil apura se foi adequada a conduta de um soldado recém-formado que provocou a morte de um homem em Guarapuava, na região Central do estado. A vítima é Mário Sérgio Zbierski, 41 anos, que foi morto no sábado pelo soldado Édson de Oliveira, um dos 1.385 novos policiais militares que tiveram o treinamento encurtado quase pela metade (de nove para cinco meses e meio). A formatura dos PMs ocorreu na sexta-feira, e no dia seguinte eles já estavam nas ruas.

Familiares e amigos de Zbierski estão revoltados com a ação policial. Segundo a família, Zbierski foi balconista de farmácia por 22 anos e tornou-se dependente de medicamentos pesados. Ele já havia sido internado por dependência química e estava fazendo tratamento para depressão. A ingestão combinada de medicamentos fortes e de álcool deixou Zbierski transtornado na tarde de sábado. "Nem parecia meu marido", conta Joseana Spengler.

Ele invadiu a casa da sogra, à procura da esposa, e a polícia foi chamada. Duas policiais atenderam a ocorrência e tentaram, em vão, conter Zbierski, que as agrediu. Chamaram reforço. Quando o cabo Paulo César Teixeira Stresser e o soldado Oliveira chegaram na casa, Zbierski já estava na calçada, armado com uma faca de cozinha.

Os policiais mandaram-no soltar a faca, mas ele continuou andando. Foi aí que o cabo, que tem cerca de dez anos de profissão, o atingiu na perna. Como Zbierski continuou em pé e com a faca em punho, Oliveira decidiu atirar e o acertou no abdome, levando-o à morte pouco depois de receber atendimento no hospital.

De acordo com o porta-voz da Polícia Militar em Guarapuava, capitão Gustavo Alfonso Rocha, a avaliação preliminar é de que os policiais seguiram o procedimento correto para o caso. Mas se a ação foi apropriada, somente a conclusão dos inquéritos, em 30 dias, poderá indicar. O capitão, que foi instrutor de tiro de uma turma de 83 soldados que se formaram na sexta-feira, reitera que os profissionais estavam suficientemente preparados. "Foi um disparo consciente. Ele mirou no baixo ventre. Não era para matar", avalia. Ele acrescenta ainda que poderia caracterizar uma ação precipitada se o policial tivesse sido o primeiro a atirar ou mesmo se tivesse feito diversos disparos.

Oliveira estava no policiamento de rua, acompanhado de pessoas mais experientes, há 45 dias. Ele foi afastado das funções, como de praxe, para acompanhamento psicológico, e deve prestar depoimento na investigação militar nos próximos dias. "Eu estudei vários anos para ser professora. Como alguém pode se formar policial em tão pouco tempo?", questionou uma parente de Zbierski, que preferiu não ser identificada. "A gente queria que eles tivessem mais atenção, para isso não acontecer mais", completou.

A esposa acredita que não estava em perigo no momento da ação policial, que teria sido exagerada na opinião dela. "Eles podiam ter usado o cassetete ou até mesmo ter dado mais um tiro na perna. Não precisava aquilo", analisa. Para ela, bastava que acalmassem o marido, que estava descontrolado, mas não era nenhum marginal. "O que estiver no meu direito, para contestar isso, eu vou fazer", disse.

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