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Brasília – O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou ontem alterações no sistema de fiscalização das empresas de laticínios sob controle do Serviço de Inspeção Federal (SIF), uma semana depois que a Operação Ouro Branco da Polícia Federal desmembrou uma quadrilha que misturava substâncias químicas ao leite. De acordo com Stephanes, serão feitas auditorias nos laticínios de forma aleatória, por equipe constituída por três fiscais agropecuários federais. "Dois veterinários e um agente de inspeção sanitária farão as vistorias", afirmou. As auditorias começam a partir da próxima semana.

O grupo, segundo ele, fará uma avaliação criteriosa sobre o funcionamento da empresa e de seus processos produtivos, incluindo avaliação de desempenho dos servidores responsáveis pelo SIF. Na Operação Ouro Branco, um fiscal foi preso acusado de ter participado da fraude que envolveu cooperativas de Minas Gerais.

O ministro Stephanes disse que as fraudes ocorridas em Minas não têm a ver com o número de fiscais federais que trabalham na inspeção. Stephanes afirmou que as pessoas que fraudaram o produto em Minas são "vigaristas". De acordo com números do ministério, há no país 1,3 mil fiscais federais agropecuários, dos quais 212 fiscalizam 1,7 mil estabelecimentos industriais de leite e de derivados no país.

Ele comentou que o recurso ilícito de adição de substâncias irregulares ao leite burlou a fiscalização do governo. A adição de água oxigenada ao leite, segundo ele, "evapora em três horas". "Esse é um novo tipo de fraude, mas não se tira a responsabilidade de quem caberia fiscalizar".

Segundo o Ministério da Agricultura, a idéia é que as auditorias sejam feitas uma vez por mês em cada empresa. Aos poucos, o ministério pretende acabar com a figura dos fiscais que atuam de forma permanente nas empresas de laticínios. Um projeto-piloto com essas novas regras já está em desenvolvimento em Minas.

O ministro Stephanes lembrou que o Ministério da Agricultura tem procurado identificar e incriminar os fraudadores. Nesse sentido, fechou acordo com o Ministério da Justiça no dia 23 de maio, depois que investigações da Secretaria de Defesa Agropecuária constataram falsificação na cadeia produtiva do leite. As fraudes eram adição de água, soro e amido.

Stephanes observou, ainda, que o ministério tem se esforçado para tornar o controle da produção mais rigoroso. Disse que um tipo de fiscalização que é feito nas fazendas exige que cada produtor de leite encaminhe mensalmente amostras do produto para análise em laboratório. De janeiro a setembro deste ano, foram analisadas 2,8 milhões de amostras.

Escavações

Equipes da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) realizaram escavações em busca de caixas de leite na Fazenda Terranova ontem. Na sexta-feira, as primeiras escavações resultaram na localização de 3 mil litros da bebida.

Conforme a Brigada Militar, a expectativa é localizar mais produtos, uma vez que a denúncia que levou os policiais à fazenda afirmava haver 700 mil litros de leite escondidos no local. Por causa do mau tempo e das fortes chuvas que atingem a região, as buscas devem se estender por toda a semana.

Na semana passada, uma operação da Polícia Federal, da Procuradoria da República e do Ministério Público de Minas Gerais prendeu 27 pessoas suspeitas de envolvimento em um esquema de adulteração de leite longa vida. Produtos como soda cáustica e água oxigenada seriam misturadas à bebida para disfarçar a baixa qualidade do produtos, em alguns casos estragados. O caso ainda é investigado.

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