O Banco de Tecidos Musculo­­esqueléticos (BTME) do HC de Curitiba, fechado em 2012, repassou o material que ainda guardava para Into, no Rio, em maio do ano passado. O HC tem esperança em reabrir o BTME, mas não há prazo para isso.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Com o objetivo de resolver o problema de captação para o banco de tecidos que abastece todo o país, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), vinculado ao Ministério da Saúde, iniciou em maio deste ano, no Paraná, um projeto-piloto que deu resultado positivo e serviu de base para tornar rotina o procedimento de captação de ossos e tendões no Brasil, a partir deste mês de julho. As informações são da Agência Brasil.

CARREGANDO :)

O banco de tecidos do Into, no Rio de Janeiro, serve a todos os hospitais do país que necessitam de transplante ósseo, inclusive hospitais privados, desde que estejam cadastrados na Central Nacional de Transplantes. “Este é o único banco público que atende às demandas no país, e a gente estava com a captação baixa no primeiro semestre. Tínhamos captado apenas 11 doadores”, disse à Agência Brasil o diretor do Into, João Matheus Guimarães.

No Paraná, onde já havia uma cultura anterior de captação de tecido ósseo em razão do Banco de Tecidos Musculo­­esqueléticos (BTME) do Hos­­pital de Clínicas (HC) da UFPR, que foi fechado em 2012, a equipe do Into conseguiu fazer duas captações. A ideia, a partir de agora, é captar doadores em outros estados, em especial das regiões Sudeste e Sul, expôs Guimarães, “para que a gente possa aumentar esse tipo de trabalho em estados que estejam estruturados para isso”. No Norte e Nordeste, regiões em que a logística é mais complicada, o Into dará continuidade às ações assistenciais e mutirões de cirurgias de alta complexidade.

Publicidade

A captação pelo banco de tecidos do Into começou há 16 anos, com média de 27 doadores nos dois últimos anos. Cada doação beneficia entre 30 e 40 pacientes, dependendo do tipo de patologia. O diretor do instituto explicou que a preferência é pelo doador cadáver, que permite que se capte muito mais tecido ósseo do que em um doador vivo.

Quando um paciente vai fazer, por exemplo, uma cirurgia de prótese de quadril, a cabeça do fêmur, que é retirada, pode ser doada para o banco. “O problema é que a quantidade de osso é pequena, e o custo que ela vai ter é o mesmo se eu captasse de um doador cadáver, cuja quantidade é enorme: são dois úmeros, dois fêmures, duas tíbias. Por isso, a gente prefere captar de doador cadáver”, explicou.

Guimarães disse que a população precisa ser orientada sobre a necessidade da doação, porque existe o temor de que o cadáver pode ficar desfigurado. Na prática, isso não ocorre, garantiu. “A gente reconstrói. Leva ossos sintéticos, faz uma verdadeira cirurgia, construindo o paciente que foi doador”.

A média de captação anual do banco de tecidos tem aumentado ao longo do tempo, e chegou a 27 doações em 2013 e 2014. Com a expansão da rotina para o país, haverá crescimento da captação de ossos e tendões, aposta o diretor do Into. O ideal é ultrapassar a marca de 30 doadores/ano para atender todas as demandas do Brasil. “O céu é o limite. Quanto mais a gente conseguir, melhor. Capacidade de armazenar, nós temos”, salientou.

Publicidade

O Into está fazendo contatos para levar o procedimento de captação de ossos e tendões para Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina. A expectativa, segundo Guimarães, é que o segundo semestre seja fundamental para a implantação da captação. Em primeiro lugar, tem que ser feito um trabalho de convencimento da família do paciente com morte cerebral, para que concorde com a captação de tecidos, pela rede de transplante local.

Paraná

Ainda no ano passado, o Hospital de Clínicas da UFPR, em Curitiba, disse que buscaria, no Ministério da Saúde, o recredenciamento do seu Banco de Tecidos Musculo­­esqueléticos (BTME) , pioneiro no país, assim que terminasse as adequações necessárias, pedida pela Vigilância Sanitária.

Em 2012, no ano de fechamento do banco, mais de cinco mil ossos foram distribuídos pelo HC para procedimentos médicos nas redes pública e privada do país, sendo 85% deses para a área de odontologia e o restante para ortopedia. No segundo caso, na capital paranaense, um dos principais “clientes” do banco do HC era o Hospital Pequeno Príncipe. Sem o banco do HC, o Into, no Rio, seria o único serviço público de ossos e tecidos musculo­­esqueléticos atualmente em funcionamento no país.