São Paulo Diferenças expressivas entre números das pesquisas e a votação real, como ocorreu em algumas disputas eleitorais do domingo, "tendem a se tornar cada vez mais comuns" advertiu ontem o diretor do Instituto Datafolha, Mauro Paulino, "porque a rotina das eleições está tornando o eleitor íntimo da urna". Isso significa, diz ele, que ele deixará cada vez mais as decisões para a última hora, "o que dificulta a tarefa de detectar os resultados reais".
Essa pode ser, segundo ele, uma razão para as expressivas diferenças mais que em eleições anteriores entre as pesquisas e a votação apurada. Nenhum instituto captou a votação do presidenciável tucano Geraldo Alckmin (que chegou a 41,58%, contra previsões de 38%) nem bancou o segundo turno, que só apareceu como probabilidade na boca de urna do Ibope. Nos estados, ninguém previu a vitória de Jaques Wagner (PT) na Bahia em primeiro turno nem a virada de Yeda Crusius (PSDB) no Rio Grande do Sul, onde o governador Germano Rigotto caiu de líder para terceiro, ficando fora do segundo turno.
Para a direção do Ibope, no entanto, a performance do instituto "foi extremamente positiva", segundo o balanço divulgado ontem à noite, pois ele acertou (dentro das margens de erro) 95% das previsões de voto feitas para governos de estado e 98% para o Senado, na última semana da campanha.
Segundo a diretora do instituto, Marcia Cavallari, às vezes as candidaturas "crescem de forma surpreendente" e outras "murcham" mas ela ressalta que, no caso da disputa presidencial, o desgaste do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou provocando o segundo turno, foi "bem registrado em nossa pesquisa de 24 de setembro".
O Ibope deu vitória de 49% a 37% para Lula contra Geraldo Alckmin, no sábado, mas apontou empate técnico (50% a 50%) e um possível segundo turno na boca de urna da tarde do domingo. No caso da Bahia, o Ibope afirma também que a subida de Jaques Wagner e a queda do governador Paulo Souto (PFL) já estavam indicadas nos números divulgados. A pesquisa do dia 30 de setembro dava 51% para Souto e já um grande crescimento de Wagner para 41% das intenções de voto. Na boca de urna, no fim da tarde do domingo, a inversão já estava detectada: Wagner estava com 49% e Souto caía para 43%.
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