O ano de 2007 promete ser de grandes mudanças no tratamento da diabete. Ainda no primeiro semestre, os cerca de 11 milhões de brasileiros portadores da doença já poderão contar com outra alternativa de aplicação da insulina que não as incômodas injeções. Em março, chega às farmácias brasileiras a primeira insulina inalável. O medicamento foi aprovado em junho pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e poderá ser usado no tratamento tanto de diabete tipo 1 (quando ocorre a destruição das células beta, ocasionando deficiência absoluta de insulina) como do tipo 2 (caracterizado pela resistência ao hormônio, geralmente associada à obesidade).
Embora ainda faltem alguns meses até que a medicação comece a ser comercializada, um pequeno grupo de paranaenses já vem utilizando a novidade há três anos. Eles fazem parte de um estudo realizado em 70 centros espalhados ao redor do mundo e que tem o objetivo de testar a segurança e a eficácia do produto. "Não precisar mais tomar tantas injeções por dia é um alívio", conta o analista de custos Maurício Leonelli, 31, um dos 20 voluntários da pesquisa. Antes de começar a usar a insulina inalada, Maurício precisava de pelo menos quatro injeções diárias de hormônio.
Segundo a médica endocrinologista e coordenadora do estudo no Paraná, Silmara Leite, embora já tenha sido comprovada a boa resposta da medicação, os testes continuarão até 2008. "Em países da Europa e nos Estados Unidos, onde a medicação já está no mercado, a receptividade tem sido muito boa. Os estudos de três anos mostraram que o uso não prejudica a função pulmonar", afirma.
Tipo 1
No casos dos diabéticos tipo 1, a insulina inalável não elimina por completo as injeções. Por ter ação rápida, ela deve ser administrada antes das refeições, mas não dispensa o uso da insulina basal (de ação prolongada) uma vez ao dia. "Isso já representa uma grande melhora na qualidade de vida do paciente", ressalta. Segundo ela, pacientes que sofrem do tipo 2 são os que poderão ficar livres das picadas. Eles poderão controlar as taxas glicêmicas apenas com a insulina inalável e o uso de medicações orais. "Acreditamos que essa possibilidade aumente a adesão ao tratamento", afirma o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, Balduíno Tschiedel.
Um estudo feito pelo laboratório farmacêutico Pfizer com 1.444 pacientes em sete países, incluindo o Brasil, apontou os principais motivos de resistência ao uso da insulina: para 41% a principal razão é o impacto e a inconveniência das aplicações no dia-a-dia. O medo de agulhas também foi apontado por 35% dos pacientes. No Brasil, essas porcentagens são mais altas: 49% e 42%, respectivamente. Quando perguntados sobre as perspectivas de tratamento e o controle da diabete, 90% dos brasileiros portadores da doença e que já fazem uso da terapia com insulina gostariam de outra forma de administração que não a injetável. Para os especialistas, a expectativa é que com uma alternativa de tratamento menos agressiva, os pacientes não mais adiem o uso da insulina.
Como muitos pacientes, Maurício, que descobriu a doença aos 7 anos de idade, passou por um período de revolta em que deixou de seguir o tratamento. As taxas glicêmicas descontroladas levaram a um problema na visão. "Na adolescência foi muito complicado, me sentia constrangido em andar com as seringas", conta o moço que uma vez chegou a ser impedido de entrar em um estádio de futebol com as injeções. Para a médica, a aplicação inalada deve diminuir o constrangimento de alguns pacientes. "Ainda existe um certo preconceito, tem gente que confunde com usuários de drogas", afirma.
Tabagismo
Entretanto, Silmara alerta que o medicamento tem algumas contra-indicações. O uso não é indicado para fumantes, por exemplo, pois o tabagismo aumenta o risco de hipoglicemia. "Pacientes asmáticos ou com doença pulmonar obstrutiva crônica também não devem usar a insulina inalável", diz. Segundo ela, a princípio o medicamento será indicado apenas para maiores de 18 anos. O preço da medicação e do aparelho inalador ainda não foram determinados.
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