Uma das seis mulheres acusadas de integrar a chamada "Gangue das Loiras", responsável por uma série de sequestros relâmpagos em regiões nobres de São Paulo, foi presa em Curitiba. A paulistana Carina Geremias Vendramini, 25 anos, morava em um apartamento de classe média alta no bairro Cabral com o marido e a filha de 2 anos. Ela foi detida em casa, no último dia 9, pela polícia paulista e pelo Grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial), do Paraná, mas a prisão foi revelada somente nesta semana para não atrapalhar as investigações.
Carina levava uma vida dupla, segundo a polícia, em que eram enganados familiares e até mesmo o marido. Em entrevista por telefone, o chefe da 3.ª Delegacia Antissequestro do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Alberto Pereira Matheus Júnior, que preside a investigação, contou que ela viajava com certa frequência para São Paulo, onde participava dos crimes cometidos pela quadrilha.
O policial também suspeita de que "Bonnie" nome usado entre as integrantes da "Gangue das Loiras" com referência à mulher do famoso casal de ladrões dos Estados Unidos, na década de 1930 tenha participado inclusive de crimes cometidos pelo grupo no Rio de Janeiro. Matheus Júnior ficou surpreso, nesta semana, com a repercussão após a foto de Carina ser divulgada. "O número de ligações aqui na DHPP de vítimas reconhecendo Carina é muito superior ao que imaginávamos", conta o delegado. A polícia afirma que a quadrilha age desde 2008.
Mulheres primeiro
De acordo com o delegado, a organização da quadrilha surpreendeu os investigadores. "Geralmente as mulheres são usadas pelos homens no crime", relata. Neste caso, no entanto, apenas um homem participava do esquema da "Gangue das Loiras", Wagner de Oliveira Gonçalves, 36 anos, chamado de "Clyde" pelas suspeitas.
Ele foi detido ontem pela DHPP. Outras cinco mulheres, incluindo a irmã de Carina, Vanessa Vendramini, estão sendo procuradas. "Não havia uma liderança: todas dividiam os bens igualmente", explica. Segundo o delegado, algumas das envolvidas têm relacionamentos com criminosos perigosos presos no estado de São Paulo. Matheus Júnior deve pedir a prisão de todas as integrantes da quadrilha até sexta-feira.