Brasília Os 21 acusados de participar da máfia dos jogos ilegais presos na superintendência da Polícia Federal, em Brasília, devem ser transferidos para o presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS). A transferência vai ocorrer depois dos depoimentos de quinta, no Rio.
A reportagem apurou que os presos foram intimados ontem e devem ser transferidos para o Rio amanhã. Os depoimentos serão prestados na 6.ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, de onde partiu a investigação da PF que resultou na Operação Furacão.
Entre os presos estão advogados, contraventores e empresários acusados de comprar sentenças para garantir o funcionamento dos bingos. A PF também prendeu três magistrados e um procurador da República, mas eles foram liberados pelo ministro Cézar Peluso, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o Ministério da Justiça, a Penitenciária Federal de Campo Grande é a segunda unidade a fazer parte do Sistema Penitenciário Federal. Inaugurada em 21 de dezembro de 2006, a unidade tem capacidade para abrigar 208 detentos em celas individuais. As unidades federais contam com infra-estrutura e equipamentos de última geração para impedir qualquer possibilidade de rebeliões e fugas.
Ontem, a Polícia Federal também abriu inquérito para ouvir três policiais civis suspeitos de terem vazado informações sobre as investigações da Operação Têmis nome da deusa grega da Justiça deflagrada na sexta passada contra uma suposta quadrilha especializada na venda de sentenças judiciais para beneficiar bingos e empresas interessadas em créditos tributários.
Na sexta, a PF realizou buscas e apreensões nas casas e escritórios de três desembargadores (Roberto Haddad, Alda Bastos e Nery da Costa Júnior), dois juízes (Maria Cristina Cukierkorn e Djalma Moreira Gomes), uma funcionária da Receita Federal e um procurador da Fazenda Nacional (Sérgio Ayala).
De acordo com as investigações da PF, essa quadrilha pagava uma mensalidade de R$ 20 mil a R$ 30 mil em troca de sentenças favoráveis de desembargadores e juízes, além da facilitação aos créditos tributários por parte da funcionária da Receita Federal. O esquema contaria ainda com a participação de policiais civis.
Os ministros Tarso Genro (Justiça) e Marco Aurélio Mello (do Supremo Tribunal Federal), defenderam ontem a decisão de Cézar Peluso, que mandou soltar quatro dos 25 presos pela Operação Furacão, sob o argumento que eles têm foro privilegiado. Tarso disse que "tecnicamente" concorda com a decisão do STF.
"Acato inteiramente a decisão da Justiça. A Justiça entendeu que não haveria prejuízos para o andamento do processo e fez a sua liberação. Do ponto de vista rigorosamente técnico, não há nenhum erro nas decisões que foram tomadas até agora", afirmou Tarso.