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A intenção de Lindemberg Alves Fernandes sempre foi a de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, afirmou nesta sexta-feira (11) o promotor responsável pelo caso, Antônio Nobre Folgado, após audiência realizada no fórum de Santo André, no ABC, para saber se o réu será submetido a júri popular pelo crime. A sentença só será conhecida após o interrogatório do acusado, que ainda não tem data para acontecer.

"Lindemberg sempre quis matar Eloá. Ele disse isso várias vezes durante as cem horas do sequestro", afirmou o promotor. Ainda segundo o promotor, os depoimentos das testemunhas de acusação foram bastante contundentes e demonstraram que o acusado estava disposto a matar a qualquer custo. Folgado acredita que o réu será submetido a júri popular. "Espero que o julgamento ocorra ainda neste ano. Se houver algum recurso da defesa, este julgamento só deverá ocorrer em 2012", declarou.

Uma das cinco testemunhas ouvidas nesta sexta pelo juiz José Carlos de França Carvalho também afirmou que a intenção do acusado era matar. De acordo com o policial militar Atos Antonio Valeriano, o primeiro a negociar a libertação dos reféns, Lindemberg sempre esteve disposto a matar todos os quatro reféns e se matar em seguida. A imprensa não foi autorizada a acompanhar os depoimentos. Todas as informações sobre os depoimentos foram passadas pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo.

De acordo com a assessoria do TJ, o policial militar também afirmou que Lindemberg atirou em sua direção e quase o acertou. O disparo atingiu uma parede próxima. Ele foi o último das cinco testemunhas da acusação a ser ouvido; a primeira foi Nayara. Além dela, também foram ouvidos o irmão de Eloá, Everton Douglas Pimentel, e os dois jovens feitos reféns por Lindemberg. A audiência começou às 10h10 e terminou às 13h30. Todos os depoentes saíram sem falar com a imprensa.

Lindemberg responde pelo assassinato de Eloá e pela tentativa de homicídio de Nayara Rodrigues e do policial militar, além do crime de manter em cárcere privado os adolescentes Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira.

Segundo a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, ainda não é possível afirmar que o cliente dela será levado a julgamento. "As testemunhas de defesa e Lindenberg ainda precisam ser ouvidas", afirmou.

A audiência deverá ser retomada na quarta-feira (16), quando as testemunhas de defesa serão ouvidas por carta precatória no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo.

Depoimento de Nayara

Nayara Rodrigues, sobrevivente do sequestro de mais de cem horas que culminou com a morte de sua amiga Eloá Pimentel num apartamento em Santo André, no ABC, em 17 de outubro de 2008, afirmou no fórum da mesma cidade que o acusado do crime sempre questionava a vítima sobre o término do namoro.

Nayara falou durante 1 hora e 25 minutos - começou às 10h10 e terminou às 11h35 - sem a presença de Lindemberg na sala do juiz. Ela pediu para que ele saísse da sala. Ainda segundo o TJ-SP, a adolescente também descreveu como foram os dias em que ela e a amiga foram mantidas reféns por Lindemberg, que mudava constantemente de humor.

Em seguida ao depoimento de Nayara, foi ouvido o irmão de Eloá, Everton Douglas Pimentel, que, das 11h40 às 12h25, falou que Lindemberg era ciumento e possessivo com a ex-namorada. Também afirmou que era amigo do réu e que chegou a negociar a libertação da irmã com Lindemberg por telefone. O réu acompanhou esse depoimento.

A audiência de instrução começou a ser refeita por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que considerou que erros na outra audiência atrapalharam a defesa. Lindemberg se manteve em silêncio na oportunidade.

De acordo com sua advogada, Lindemberg foi orientado a não falar naquela ocasião porque o juiz deixou de ouvir dois policiais militares que participaram da invasão do apartamento e rejeitou análise de depoimentos e laudos.

"Ele [Lindemberg] não falou naquela oportunidade por conta das irregularidades que aconteceram naquela data na audiência de instrução. A defesa entrou com recursos jurídicos para que a audiência fosse anulada e refeita", disse Ana Lúcia.

Segundo ela, seu cliente dará nesta próxima audiência a sua defesa quando for questionado pelo juiz. "Espero e acredito que o estado/juiz aja em observância a paridade de armas. Em outras palavras, que tanto defesa e acusação tenham as mesmas oportunidades para demonstrar cada uma a sua verdade", disse a advogada, que, entretanto, não adiantou qual será a versão de Lindemberg.

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