São Paulo - Tradicionalmente voltados para estudantes do ensino médio, os intercâmbios para o exterior expandiram seu perfil, diversificaram as opções e são oferecidos hoje para crianças a partir dos 7 anos. Mesmo sendo difícil para os pais deixarem filhos pequenos sozinhos por um período longo de tempo, a prática em outro idioma, a experiência cultural, as novas amizades e o amadurecimento propiciado pela viagem são os motivos apontados pelas famílias para permitirem os intercâmbios.
"Dá medo e a saudade é tanta que chega a doer, mas a gente sabe que é para o crescimento deles", relata a engenheira química Luciana Dellape Baptista. Seu filho mais velho, Adalmiro, hoje com 16 anos, já fez três intercâmbios. No primeiro, ele tinha acabado de completar 14 anos. O mais novo, Rodrigo, foi em julho, aos 13 anos, para os Estados Unidos.
"Logo no primeiro dia, do primeiro intercâmbio que eu fiz, perdi o último ônibus para a escola", conta Adalmiro. "A vontade era ligar para meus pais me buscarem, mas tive de resolver sozinho", diz. O garoto encarou sozinho uma caminhada de alguns quilômetros e conseguiu chegar.
Para a gerente da STB Intercâmbio, Marcia Mattos, a mudança no perfil de quem procura a empresa tem relação com mudanças na sociedade. "Com toda essa informação de hoje, os meninos têm vontade cada vez mais cedo de fazer um intercâmbio. E muitos pais também já fizeram, então estão mais informados", explica.
Pais que reconhecem a importância do intercâmbio, mas não conseguem deixar os filhos sozinhos, podem optar por programas familiares. "Há um número de escolas que também acolhem famílias, mas os pais conseguem dar a liberdade e ficar por perto ao mesmo tempo", diz Fabio Carola, gerente da IE intercâmbio.
O professor universitário Sergio Magaldi e sua mulher ficaram seis semanas estudando no Canadá antes de deixar o filho, João Vicente, passar um ano e meio sozinho no país. "O interessante foi ter algo de acordo com cada perfil. Eu e minha mulher ficamos na casa de uma senhora, enquanto meu filho ficou em uma casa com pessoal mais novo, mas na mesma cidade", diz.
Diversão
Além de estudar bastante, quem viaja nas férias quer também se divertir. "Muitos aproveitam os meses de férias para não interromper os estudos, mas sabemos que o objetivo também é passear", afirma Adriana Covelo, da Bex Intercâmbio. Thaís Camargo, de 15 anos, adorou passar as férias em um intercâmbio no Canadá. "Aprendi muito e conheci um lugar diferente. Nem deu tempo de ter saudade de casa", conta.