A liderança, por parte do vereador Renato Freitas (PT), de uma invasão à Igreja Nossa Senhora do Rosário, em Curitiba, neste sábado (5), gerou uma onda de reações negativas à conduta do parlamentar nesta segunda-feira (7).
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Num momento em que o Partido dos Trabalhadores (PT) busca se aproximar de eleitores cristãos para obter apoio para as eleições deste ano – inclusive com o anúncio do lançamento de um podcast direcionado ao público evangélico –, o vereador petista recebeu uma série de críticas, até mesmo de pessoas ligadas à esquerda, por ter conduzido dezenas de pessoas, com bandeiras do PT e do PCB, a entrar à força no templo.
Na ocasião, dezenas de manifestantes, com bandeiras do PT e do PCB, invadiram a igreja gritando palavras como "racistas" e "fascistas" antes e durante a invasão. O ato foi organizado como protesto contra o racismo em razão do assassinato de Moïse Mugenyi.
Nesta segunda-feira (7), após a publicação do caso pela Gazeta do Povo, houve diversas manifestações públicas de parlamentares federais, estaduais e municipais, além do pré-candidato à presidência da República Sergio Moro (Podemos). A Arquidiocese de Curitiba e até mesmo a Anajure, entidade que reúne juristas evangélicos, publicaram notas condenando o ato. A Anajure ressaltou que a liberdade religiosa é assegurada pela Constituição Federal e que a invasão ao templo pode ser passível de sanção penal.
Na Câmara Municipal de Curitiba, o dia foi marcado por manifestações de repúdio à atitude de Freitas e contou com a articulação, por parte dos vereadores da casa legislativa, de possível cassação de mandato do petista.
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Críticas de parlamentares de todo o país e até mesmo pessoas ligadas à esquerda
Durante todo o dia, parlamentares da Câmara dos Deputados foram às redes sociais para se manifestar sobre o caso. Um dos primeiros a se posicionar foi o deputado federal paranaense Paulo Martins (PSC-PR), que fez referência ao crime de ultraje a culto, previsto no artigo 208 do Código Penal. “Militantes de esquerda invadem igreja em Curitiba no momento em que fiéis católicos aguardavam o início da missa. Eles dizem que protestavam contra o racismo. Na verdade, o que move a turba é ódio ao cristianismo mesmo. Esses militantes são os que se dizem tolerantes”, publicou o parlamentar em suas redes sociais.
Da mesma forma, o deputado Diego Garcia (Podemos-PR), também paranaense, foi às redes sociais citar o possível cometimento de crime pelos ativistas. “A manifestação, que se dizia contra o racismo, cometeu outro crime. Não só desrespeitaram os fiéis que estavam lá, mas ofenderam claramente o que diz o artigo 208 do Código Penal (...) Que a justiça seja feita!”.
O deputado Filipe Barros (PSL-PR) afirmou que nesta tarde estava protocolando uma denúncia ao Procurador Geral de Justiça do Paraná contra Freitas.
Parlamentares de outros estados também condenaram o ato. “Eles não têm respeito com nada. Já dão como certa a vitória de Lula e estão mostrando como serão em 2023”, tuitou o deputado Helio Lopes (PSL-RJ). Já a deputada Bia Kicis (PSL-DF) pediu a cassação do mandato de Freitas.
Em Sorocaba (SP), o vereador Dylan Dantas (PSC) protocolou, na Câmara Municipal da cidade, uma moção de repúdio ao petista. Segundo Dantas, “em ato de intolerância religiosa Renato Freitas liderou um grupo de militantes em invasão à Igreja do Rosário, ofendendo idosos, impedindo o início da missa e acusando a instituição de ‘apoiar fascistas’".
O vereador de São Paulo Rubens Nunes (Podemos) chegou a fazer uma alusão do caso à invasão do Capitólio dos Estados Unidos. Também em São Paulo, o deputado estadual Frederico D’ávila (PSL) disse que “o PT, como um partido comunista, é inimigo da religião, e o resto é teatro. Qual a chance de vermos esse vereador sendo expulso do partido?”
Gilvan da Federal (Patriotas), vereador de Vitória (ES), também mencionou o fato de integrantes do PT ocasionalmente se envolverem em atos e falas críticas ao cristianismo. “A invasão foi liderada por um vereador petista sob a desculpa esfarrapada de ‘protestar contra o racismo’ dentro do templo religioso”, publicou o deputado estadual de Minas Gerais Bruno Engler (PRTB).
Nas redes sociais, houve críticas até mesmo por pessoas de esquerda, que desaprovaram a conduta do ativista. “Esquerda DCE [em referência ao Diretório Central dos Estudantes] oferecendo munição ao bolsonarismo”, disse uma usuária do Twitter, que se define como “ativista antifascista”. “É isso o que acontece quando a turminha do DCE chega na política e não adquire maturidade. Deu material completo para a direita usar”, publicou outro usuário. Figuras públicas de esquerda ignoraram o assunto durante todo o dia.
Pré-candidatos à presidência da República
O presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato que vai disputar a reeleição, se manifestou sobre o caso nas redes sociais. Ele afirmou que os manifestantes não respeitaram a casa de Deus e que o ato representa a “verdadeira face de ódio e desprezo às tradições do nosso povo” por parte da esquerda.
Já o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e pré-candidato à presidência da República Sergio Moro (Podemos) classificou a invasão como “absurda e revoltante”. “Locais de culto não podem ser utilizados para ofensas ou propaganda política”, disse o ex-ministro.
Em Curitiba, vereadores articulam cassação de mandato
O incidente de sábado foi o principal tema discutido na Câmara nesta segunda-feira (7). Diversos vereadores manifestaram repúdio à atitude do vereador e cobraram posicionamento da Casa. O vereador Eder Borges (PSD) apresentou uma representação contra Renato Freitas (PT) por quebra de decoro parlamentar. Borges solicitou que o petista responda junto à Corregedoria e à Comissão de Ética da Câmara pelo episódio. Ele pede que seja instalada sindicância contra Freitas e, posteriormente, a apuração de infração ético-disciplinar no Conselho de Ética da Casa, sugerindo, como pena, a perda do mandato.
“A liberdade religiosa e o direito a culto são assegurados pela nossa Constituição e a atitude deste vereador passou de todos os limites, causando repercussão nacional. As pessoas estão indignadas e nós não podemos criar o precedente gravíssimo de permitir que isso fique impune”, disse Borges à Gazeta do Povo.
Outro vereador da capital paranaense que também pediu a cassação do vereador Renato Freitas foi Pier Petruzziello (sem partido). “Vereador deve lutar pela defesa do patrimônio material e imaterial de sua cidade. Nesse caso violou os dois”, disse o parlamentar.
Além deles, o Pastor Marciano Alves (Republicanos) já apresentou representação contra o vereador, com base na nota divulgada pela Arquidiocese de Curitiba.
Denian Couto (Podemos) foi outro a mencionar possíveis penalização ao parlamentar petista. “Caso será tratado no Conselho de Ética. Colegiado se reunirá tão logo processo chegue lá. A corregedoria da Câmara, da mesma forma, deve ser chamada a se manifestar. Lugar de culto é inviolável. Direito de protesto não é absoluto”, disse.
Na Câmara, os vereadores lembraram que Freitas já se envolveu em polêmica com a bancada evangélica e foi alvo de processo disciplinar, arquivado em outubro do ano passado, por ter chamado vereadores evangélicos de “pastores trambiqueiros”. “Qual é o limite do vereador? Da última vez que aconteceu, a Câmara decidiu passar a mão na cabeça. Que, desta vez, a Câmara não se omita”, declarou Ezequias Barros (PMB).
Outro lado
Após a repercussão do caso, o vereador Renato Freitas publicou uma nota confirmando ter feito o protesto. De acordo com Freitas, durante a manifestação realizada em frente ao templo, "um diácono responsável pela igreja solicitou que os manifestantes fossem para outro local, sob a justificativa de que o ato não deveria coincidir com a saída dos religiosos da missa que havia se encerrado". Na verdade, o vereador se equivocou: a missa estava começando.
"Como parte simbólica da manifestação, entramos juntos na Igreja que estava vazia, de forma pacífica, relembrando que nenhum preceito religioso supera o amor e a valorização da vida", escreveu Freitas. Por outro lado, as imagens do protesto mostram que a igreja não estava vazia, havia fiéis para a assistência da missa e o local foi invadido, impedindo a celebração.
Já os diretórios do Partido dos Trabalhadores do Paraná e de Curitiba divulgaram nota conjunta e afirmaram que o partido “não participou da decisão momentânea de adentrar o templo religioso, assim como não fazia parte da coordenação do ato”. As informações sobre a manifestação petista foram publicadas pelo colunista Roger Pereira, da Gazeta do Povo.
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