São Paulo A onda de invasões comandada pelo líder José Rainha Júnior durante o carnaval causou um racha no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e também na Central Única dos Trabalhadores (CUT). As lideranças estaduais e nacionais do movimento não reconhecem a parceria do líder com sindicatos rurais ligados à CUT. A direção estadual da central sindical não avaliza a participação de seus sindicatos nas invasões. A ação conjunta resultou na invasão de 13 fazendas no interior de São Paulo, entre domingo e segunda-feira. "Não é uma orientação da CUT a ocupação de terras", informou a assessoria de imprensa da entidade ontem.
Os sindicatos não pretendem voltar atrás. "Nossa luta vai continuar unificada com o MST", disse o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais Assalariados de Presidente Prudente, Rubens Germano.
Apesar disso, os sem-terra ligados ao Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar retiraram-se ontem de uma das fazendas invadidas. O presidente José Carlos Bossolan disse que foi apenas um recuo estratégico.
Alguns dirigentes atribuíram o recuo à disposição anunciada pela União Democrática Ruralista (UDR) de responsabilizar a CUT pelas invasões. A central sindical é constituída juridicamente, ao contrário do MST. O movimento não contabilizou em suas estatísticas as invasões realizadas pela parceria Rainha/CUT, embora sua bandeira tenha sido usada nas ações. Segundo lideranças, o antigo líder vem agindo à revelia.
Paraná
As articulações que uniram o MST e a CUT em ocupações em São Paulo dificilmente se repetirão no Paraná. Os dois movimentos reconhecem que não combinam ações conjuntas há muito tempo. De acordo com o líder estadual do MST, José Damasceno, existe uma afinidade, mas ainda não nessas questões.
Para o presidente da CUT-PR, Roni Barbosa, há uma relação tranqüila entre as entidades, mas sem tanta proximidade. "A CUT apóia a luta pela reforma agrária, é uma relação que tem se pautado na luta conjunta, mas sem ações coordenadas", explica.
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