O Ministério Público do Paraná (MP-PR) encontrou indícios de que um núcleo de fraudes se instalou no 1.º cartório cível do Fórum de Antonina, no Litoral do estado, com a participação de ex-servidores da repartição. As investigações começaram depois que, em inspeções, juízes encontraram um lote de documentos judiciais enterrado no quintal do fórum e caixas com petições e partes de processos escondidas nos fundos do prédio. Inicialmente, a apuração aponta que o grupo atuaria no sentido de favorecer o andamento de alguns processos, em detrimento de outros. Mas a ação pode ter ido muito além.
"Os documentos encontrados dizem respeito a vários tipos de procedimentos. Em princípio, constatamos que alguns tramitavam de forma mais rápida, enquanto outros ficavam parados", disse a promotora Kelly Vicentini Neves Caldeiras. "Agora, vamos apurar as irregularidades e detalhar a atuação [dos investigados], se alguém foi favorecido e de que forma", completou.
Na última semana, com o apoio da Polícia Federal (PF), a Promotoria de Justiça de Antonina deflagrou a "Operação Barreado". Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na casa de suspeitos, nos quais foi apreendida uma série de documentos. Quatro pessoas entre elas, ex-funcionários do 1.º cartório cível do fórum foram conduzidas à promotoria e prestaram depoimento.
Nesta semana, a Promo-toria deve analisar os documentos e ouvir outras testemunhas. Para não comprometer as investigações, o MP-PR não revela quem prestará depoimento, mas confirma que já há um rumo bem definido nas apurações. "Com os depoimentos e os documentos, já temos uma linha de investigação bem consolidada", diz.
Descartados
Os juízes começaram a inspeção no Fórum de Antonina no fim de julho. Na ocasião, encontraram duas caixas com documentos nos fundos do prédio fora do cartório cível. Parte do material teria sido queimada. Em agosto, outro volume de documentos foi encontrado quase por acaso: funcionários capinavam o terreno do Fórum, quando localizaram os papeis enterrados. A partir de então, os magistrados comunicaram o MP-PR. A Polícia Civil também entrou no caso. Os responsáveis podem responder por supressão de documento público. Até o fim de outubro, o 1.º cartório cível do Fórum de Antonina era privatizado.