Há pouco mais de um ano, uma inesperada batida policial em uma mansão-cassino no bairro Parolin, em Curitiba, iniciava uma guerra interna na Polícia Civil. Até agora nenhum envolvido com a casa de jogos ilegais foi denunciado à Justiça. Além disso, há um desencontro de informações sobre o estágio da investigação. Enquanto a polícia diz que enviou os nomes de dois responsáveis pelo cassino ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público (MP), o órgão afirma que não está com o caso.
Procurada na semana passada, a polícia informou que a corregedoria abriu investigação preliminar para apurar os fatos, já que, na época, o comando da instituição considerou o estouro da casa um ato de "milícia". Um grupo de policiais civis com rostos encobertos e sem o comando de um delegado entrou no imóvel para apreender máquinas caça-níqueis, em janeiro de 2012. Em razão disso, a corregedoria solicitou ao Gaeco uma investigação para checar a suspeita de tortura, abuso policial e formação de quadrilha.
"Dentro da mesma investigação da corregedoria, concluída com cerca de 1,7 mil páginas, apareceram indícios de que havia exploração de jogo por parte de André Luiz Czaban, que seria o responsável pelo imóvel, e Samuel Guilherme Schier Santos, que também estaria envolvido com a contravenção penal", explica a Polícia Civil. A instituição ressaltou que a cópia desta investigação também foi encaminhada ao Gaeco.
O coordenador estadual do Gaeco, Leonir Battisti, por sua vez, disse que a investigação sobre a autoria da exploração do jogo na mansão ficou a cargo da polícia. A reportagem tentou localizar os homens identificados, sem sucesso.
Punição
Os policiais que participaram da batida afirmam que continuam sofrendo pressão dentro da instituição. "Fui transferido quatro vezes. É uma forma de me punir", disse um deles. No ano passado, a polícia pediu abertura de investigação ao Gaeco contra dois dos agentes que teriam participado da ação. O órgão do MP recebeu um relatório de investigação preliminar da polícia para apurar suspeita de abuso durante a abordagem. Em novembro, o Gaeco pediu mais informações para poder seguir adiante. Segundo Battisti, ainda não houve resposta da polícia.