Apesar de as investigações da Operação Riquixá não atingirem diretamente o transporte coletivo de Curitiba, administradores das empresas alvo da operação, o advogado que foi preso e membros de uma empresa de consultoria que estaria ligada às fraudes têm ligação com algumas das viações que operam na capital paranaense.
Segundo os promotores, Curitiba não é alvo das investigações porque ainda não há indícios de que o mesmo esquema tenha ocorrido por aqui. Mas a Auto Viação Marechal, ré nas investigações de Brasília e apontada pelo MP-PR como “Laranja” em Guarapuava, a Transporte Coletivo Pérolas do Oeste e a Viação Sorriso – todas apontadas como participantes da fraude em outras cidades – têm administradores que participam da sociedade de três das 11 empresas que compunham os lotes vencedores de Curitiba.
As investigações em Guarapuava ocorrem há quatro anos. Em 2013, as promotorias de Patrimônio Público e Consumidor ajuizaram ações para responsabilizar administrativamente agentes públicos e anular o contrato de concessão do transporte, isso ainda está tramitando. Mas a promotoria já conseguiu que o município instalasse um órgão para gerenciar o transporte. “Eles estão atendendo aos poucos, formando equipe técnica. Não é fácil mudar uma cultura de décadas”, disse Victo Hugo Honesko, um dos promotores do caso.
O MP sustenta que o esquema funcionaria basicamente a partir da ação conjunta do advogado Sacha Reck, da empresa de consultoria Logitrans e agentes públicos cooptados. A partir daí, diz a denúncia, eles fraudavam licitações para beneficiar determinadas empresas e elaboravam um contrato que permitia ao operador deter controle sobre os reajustes tarifários.
Além de Guarapuava, o mesmo esquema teria sido desenvolvido em Foz do Iguaçu, Maringá e no Distrito Federal -- onde há outra investigação em curso. O grupo também teria tentado atuar em Apucarana, mas a prefeitura local suspendeu o certame após o alerta do MP. Mas a promotoria não descarta que outras cidades tenham sido vítimas do mesmo esquema
“Não pode ser considerado regular uma licitação em que agentes atuem na comissão de licitação e, ao mesmo tempo, nos licitantes. Sabemos que esses mesmos grupos atuam em outros municípios e ainda vamos estudar o novo material apreendido”, disse Leandra Flores.
Além de seis mandados de prisão e 29 de busca e apreensão, o Gaeco cumpriu na última quarta-feira 53 de busca e apreensão em empresas e residências. Todos foram expedidos pelo Juízo da 1.ª Vara Criminal de Guarapuava.
Preventiva
Se ainda é cedo para dizer que licitações passadas foram ao alvo da mesma fraude, Honesko afirma que o grupo já visava novos mercados. Em um e-mail interceptado pelo Ministério Público, com autorização da Justiça, Antonio Carlos Marchezetti, apontado pelo MP como interlocutor da Logitrans, se oferece para uma reunião com um representante da Viação Planeta, que tem atuação no nordeste.
“Exatamente por isso, pedimos a prisão preventiva dessas pessoas. “Tínhamos provas concretas de que os membros da Logitrans não se contentaram. Era uma organização criminosa permanente que estava buscando outros empresários do ramo do transporte coletivo para fazer novas fraudes”, disse o promotor.