Banhistas e frequentadores das areias de Ipanema, uma das praias mais badaladas na Zona Sul do Rio de Janeiro, precisam ficar atentos. Um estudo divulgado nesta terça-feira (2) pela Secretaria municipal de Meio Ambiente indica que o local não é recomendado porque apresenta 30 mil coliformes fecais em cada 100 gramas de areia. Este é um dos piores resultados do estudo.
O relatório, que apresenta a qualidade da areia das praias cariocas, também não recomenda a praia da Barra da Tijuca e a de Sepetiba, ambas na Zona Oeste, a José Bonifácio, em Paquetá, e a praia da Bica, na Ilha do Governador.
O boletim corresponde ao período de coleta do dia 9 ao dia 23 de janeiro. As únicas praias que registraram a qualidade da areia considerada ótima pela Secretaria foram a da Reserva e a Prainha, ambas na Zona Oeste.
Fezes animais seriam motivo do alto índice
De acordo com Vera Oliveira, gerente de Monitoramento Ambiental da Secretaria, o monitoramento das areias do Rio é feito há mais de 10 anos, porém a novidade é que a classificação foi revista. Agora os técnicos também avaliam, além de coliformes fecais, os índices de Escherichia coli, bactéria indicadora de contaminação de fezes de animais como o cachorro.
"Esse boletim dá Ipanema com muita contaminação e a gente atribui isso aos cachorros. Sempre tem animais durante a coleta e isso é proibido por lei. As pessoas querem usar uma praia de qualidade, mas elas têm que fazer um bom uso da praia, que significa não levar o animal e não deixar o lixo na areia", disse.
Doenças
Mas de acordo com a dermatologista Maria Fernanda Reis Gavazzoni Dias, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o maior perigo são as fezes humanas, já que as bactérias dos animais são espécies diferentes das dos humanos. "Se as fezes forem de cães, o risco é menor porque certamente não serão doenças graves. Ainda assim, se o cachorro não estiver doente, não transmite nada".
Segundo ela, a doença mais comum transmitida por cachorros é a larva migrans, conhecida popularmente como bicho geográfico. "É uma doença de pele, que coça, é um bichinho que anda embaixo da pele, mas cura rápido".
As fezes humanas, de acordo com a dermatologista, podem transmitir verminoses e até mesmo hepatite.
A coleta é feita até, no máximo, às 9h e os técnicos também anotam as condições do local, como quantidade de lixo e bichos. O resultado divulgado nesta terça levou em conta as anotações feitas desde 2006. A nova classificação, que monitorou 35 pontos de praia, surgiu após 4 anos de estudo.
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