Na manhã da próxima quinta-feira (26), o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reúne-se em Brasília para decidir se a cidade de Antonina, no litoral do Paraná, será tombada como patrimônio histórico do Brasil. Se for confirmado, o título tem o potencial de mudar a dinâmica econômica da cidade, com a recuperação do casario e melhoria no ambiente urbano. Mas, para isso, é necessário o entusiasmo do Poder Público, empresas e da própria população.
O tombamento da paisagem histórica e urbanística abrange o centro histórico do município e o complexo das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM).Segundo informações do parecer técnico elaborado pela superintendência do Iphan no Paraná, a área a ser tombada reflete o processo de ocupação territorial no Sul do Brasil e está diretamente ligada ao primeiro ciclo de exploração do ouro no país. O cenário de Antonina, no fundo da Baía de Paranaguá e "aos pés" da Serra do Mar, colocam a cidade em uma situação privilegiada.
O porto, no século 19, era um dos principais exportadores de erva-mate e importadores de trigo. No início do século 20, o comércio de madeira ganhou destaque e o porto chegou a ser o quarto maior do país.
Para o superintendente do Iphan no Paraná, José La Pastina Filho, é muito difícil que o tombamento não seja confirmado. "Eu não acredito porque o processo está muito bem instruído e muito bem documentado. A qualidade paisagística, histórica e urbanística de Antonina é incontestável." Para ele, o título pode servir para "reanimar" a cidade. "Antonina passou por um processo de deterioração a partir de 1972 com o fechamento das indústrias Matarazzo e a desativação do trecho ferroviário. Ela acabou perdendo um pouco do amor próprio e começou a ver o mar como algoz. A ideia é resgatar esse amor próprio, resgatando as qualidades da cidade, e com a reativação dos portos. O tombamento vem somar, para ser um holofote para a cidade."
PAC
Segundo José La Pastina Filho, com o processo de tombamento concluído, a cidade poderá conseguir acesso ao PAC das Cidades Históricas: financiamento do governo federal para recuperar a paisagem das cidades antigas. Entre as possíveis melhorias estão: a remoção da fiação aérea; o incentivo ao turístico náutico; a requalificação da mão de obra em restaurantes; e o planejamento urbano, para evitar a ocupação desordenada das encostas.
Para o presidente da Agência de Desenvolvimento do Turismo Sustentável do Litoral do Paraná (Adetur Litoral), Gustavo Trevizan Socachewsky, todas as cidades litorâneas no estado podem sair ganhando com o título de Antonina, assim como vem ocorrendo desde 2009 com o tombamento do centro histórico de Paranaguá pelo Iphan. "É possível conseguir aumentar as opções culturais e fazer com que o turista fique mais tempo (na região)", afirma o empresário, dono de um hotel em Guaratuba.
Porém ele lembra que só o tombamento em si não muda nada. É preciso usar a medida para gerar renda. "Precisa haver reconhecimento do que é o patrimônio, divulgar para a população e para o turista a história desse patrimônio e criar roteiros turísticos."
Sem festa
Se o título confirmado, a cidade espera aumentar o fluxo de turistas, mas sem se esquecer da conservação do município. De acordo com o prefeito de Antonina, Carlos Augusto Machado, conhecido como "Canduca", a preservação da história do município litorâneo poderá ser mantida e ampliada com o tombamento.
Mesmo se houver o tombamento, não haverá festa em Antonina na quinta-feira (26). Segundo Machado, os recursos serão poupados para que possam ser investidos nas festas de Carnaval. Antonina é conhecida por ter um dos carnavais mais animados do litoral paranaense.