O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Clodualdo Pinheiro Júnior, brinca dizendo que, para as pessoas, o declínio começa aos 40 anos. Mas o órgão que dirige ainda tem muito para dar a Curitiba, ao chegar a quatro décadas, com projetos que devem virar realidade nos próximos anos, além de idéias para um futuro mais distante. "A cidade apresenta vários desafios na atualidade e estamos buscando as soluções para cada um deles", afirma. As idéias para o futuro, os sucessos que já saíram das pranchetas do Ippuc e a Curitiba de antes de 1965 podem ser vistos em uma exposição inaugurada ontem, como parte das comemorações do aniversário do instituto.
O trabalho do Ippuc em 40 anos de planejamento do desenvolvimento de Curitiba foi responsável por iniciativas como a rede de parques, o sistema de transporte (com as nacionalmente conhecidas estações-tubo) e a descentralização em regionais, e rendeu à cidade fama internacional. "Um turista médio conhece o Rio de Janeiro, São Paulo, talvez Brasília e o Nordeste, mas não Curitiba. No entanto, arquitetos e urbanistas nos vêem como referência", diz Pinheiro. Prova disso são as visitas que o Ippuc recebe: só em 2005, quase 800 especialistas estrangeiros vieram conhecer o trabalho do órgão.
Mas nem sempre o trabalho do instituto foi bem visto. "Quando o Ippuc nasceu, vivíamos em outra realidade política e um dos desafios era pensar nas melhores alternativas para a população sem poder consultá-la", explica Pinheiro. Um exemplo foi o fechamento da Rua XV de Novembro para a construção do calçadão, em 1972, que enfrentou rejeição popular no início. "Queríamos mostrar que as pessoas eram mais importantes que os automóveis", lembra o ex-prefeito Jaime Lerner, que governou Curitiba no começo da década de 70, depois de ter sido presidente do Ippuc entre 1969 e 1970. Os benefícios da medida se impuseram com o tempo.
Hoje, Pinheiro acredita que a chance de episódios similares é menor, pois a população tem mais participação no planejamento da cidade. Mesmo na década de 70, diz Lerner, a opinião popular foi levada em conta em situações como a da rede de praças que o Ippuc planejou. "Descobrimos que os curitibanos preferiam que recuperássemos os bosques que já existiam na cidade. O projeto das praças não foi adiante, mas ganhamos outro material para trabalhar", recorda.
Na década de 80, Curitiba começou a colher a fama do trabalho de planejamento e ganhou fama nacional como sinônimo de qualidade de vida. Como resultado, atraiu o movimento migratório. "De uma certa forma, era o que se procurava: trazer pessoas, mais investimentos", diz Pinheiro. Mas, por mais detalhado que seja o planejamento, circunstâncias fora do roteiro trazem problemas para a cidade. "Quando o país vai mal, estados e municípios também sofrem as conseqüências. Hoje as ocupações irregulares são um dos nossos desafios", descreve o presidente do Ippuc. A revitalização do Centro, a preservação do patrimônio, a integração com cidades da região metropolitana e novas possibilidades de crescimento também são áreas que merecem atenção dos urbanistas de hoje.
O Ippuc já trabalha com soluções para algumas destas prioridades, como a criação de um distrito financeiro e um pólo tecnológico, o projeto Marco Zero (de recuperação do centro) e o Cinturão da Boa Vizinhança, uma rede de serviços públicos localizados perto das divisas entre Curitiba e as cidades vizinhas, que poderão ser usados pelos cidadãos dos dois municípios, aliviando a demanda sobre escolas e unidades de saúde.
Serviço: A exposição "Ippuc 40 Anos: uma história de planejamento urbano" pode ser visitada até 2 de abril, no Memorial de Curitiba, no Largo da Ordem. A entrada é gratuita.
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