Uma área de um quilômetro quadrado, com meia dúzia de casas e cortada por linhas de alta tensão, pode se tornar uma vila-modelo para 20 mil pessoas. O projeto foi desenhado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) para ser construído no bairro Campo do Santana, que faz divisa com o Umbará e o Rio Bonito, na Região Sul de Curitiba. A ideia é evitar a ocupação desordenada de uma área cercada de mata nativa conservada, nas imediações do Refúgio do Bugio. Sem planejamento ou receber estrutura, o local tenderia a ser usado para submoradias.
A concepção do Redesenvolvimento Urbano foi criada na Alemanha, mas ganhou corpo no Japão, que virou referência para esse tipo de projeto. Há exemplos bem-sucedidos também na Colômbia, mas no Brasil nunca foi aplicado e Curitiba pode ser pioneira.
De forma simplificada, trata-se de convencer proprietários a abrirem mão temporariamente de uma área em troca do benefício da valorização do espaço. Cerca de 20 pessoas são donas dos terrenos da área e é com elas que a prefeitura está negociando. Por muito tempo o projeto foi mantido sob sigilo. É que a especulação imobiliária pode inviabilizar a obra.
O projeto prevê a construção de 4,7 mil moradias, divididas em condomínios de prédios baixos e sobrados. Ainda está em discussão se a área será destinada apenas para famílias de baixa renda (proposta da Cohab) ou se terá habitações para vários tipos de faixas salariais (intenção do Ippuc).
A prefeitura não vai construir as casas. Para avançar, o projeto depende da liberação de recursos do programa federal Minha Casa, Minha Vida, que subsidiaria as habitações de baixo custo e financiaria as moradias mais caras.
A área deve ser cortada pelo eixo metropolitano, rodovia que a Comec planeja construir ligando cidades da região. Também fica próxima da revitalização da Avenida Marcos Bertoldi.
“Para ficar do jeito que a gente deseja, precisamos manter as áreas verdes”, diz Emanoele Leal, coordenadora de cooperação técnica do Ippuc.
Sem a ocupação planejada, os espaços ainda com vegetação – menos valorizados no mercado imobiliário – poderiam ser os primeiros a perecer. A área tem ainda outras restrições construtivas, como nascentes, banhados e terrenos sob linhas de alta tensão.