Quando a Polônia foi atacada, Irena Los tinha 17 anos. Até hoje se recorda do dia em que a empregada da casa a acordou dizendo que a guerra tinha começado. Ela viu os alemães entrarem na cidade. Tentou levar uma vida normal o quanto pode. Como as escolas foram fechadas no município onde morava, decidiu se mudar para Varsóvia e fazer um curso técnico.
Lá assistiu aos horrores: guetos serem formados, judeus serem perseguidos. "Certa vez fui à estação e vi muitos judeus entulhados em vagões e com panelinhas de água nas mãos. Eles as abanavam e pediam ajuda. Eu sabia que, se fosse ajudá-los na estação, seria fuzilada na hora", recorda. Irena também viu os judeus usarem a estrela costurada na roupa e muitas crianças judaicas fazerem buracos nos muros dos guetos para pedir comida.
"Minha irmã já fazia parte de uma conspiração contra os alemães. Com o tempo, tomei coragem e comecei a reagir." Irena aderiu ao levante: era responsável por comandar uma patrulha de socorristas sanitários. A crença era de que em poucos dias os russos venceriam, mas o levante foi fracassado porque Stalin recuou. Os alemães pegaram todos os revolucionários de Varsóvia: ela foi levada a um campo de prisioneiros. "Passei por alguns deles. Um campo foi perto de onde Anne Frank foi morta." Ficou ali até a chegada do exército inglês e polonês. Ao ser solta, soube que o pai, que também estava em Varsóvia, havia morrido, provavelmente fuzilado com outros intelectuais no teatro da cidade. Ele era jurista.
Após o fim da guerra, Irena migrou para a Itália, onde conheceu o marido, se casou na Inglaterra e veio com ele, que era agricultor, para o Rio de Janeiro. Em seguida, foram para Londrina e, depois, seguiu para Curitiba, na casa de uma das filhas, quando o marido morreu.
Irena Los
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