Curitiba A divulgação do depoimento completo de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, acusado de ser o responsável pela máfia dos sanguessugas, à Justiça de Mato Grosso em 3 de julho deste ano, complica a situação do deputado federal Íris Simões (PTB) e dos ex-parlamentares paranaenses Basílio Villani, Santos Filho, Márcio Matos. José Carlos Martinez, morto num acidente aéreo em 2003, também foi citado. Segundo Vedoin, Simões receberia 10% sobre o valor de cada emenda destinada para a aquisição de unidades móveis de saúde e de informática.
Vedoin, proprietário da empresa Planam, suspeita de vender ambulâncias superfaturadas à prefeituras de todo o país, afirmou ainda que Simões fazia a intermediação com os prefeitos para acertar o direcionamento das licitações para a empresa de Vedoin. E que entre 2001 e 2003, a Planam foi beneficiada com vendas para os municípios de Almirante Tamandaré, Antônio Olinto, Araucária, Contenda, Coronel Vivida, Fazenda Rio Grande, Mandirituba, Teixeira Soares e Turvo. Cada prefeitura recebeu cerca de R$ 80 mil para a aquisição das unidades de saúde.
No depoimento, publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat, Vedoin disse que pagou comissões por 15 emendas apresentadas por Íris Simões. Num dos pagamentos, Vedoin teria entregue a Simões um cheque de R$ 15 mil.
A Gazeta do Povo tentou entrevistar novamente o deputado Íris Simões, mas segundo assessores, ele estava viajando em campanha pelo interior do estado. A reportagem deixou recados, mas até o fechamento desta edição, o parlamentar não retornou às ligações.
Em suas declarações à Justiça, Luiz Vedoin contou que começou a atuar no Paraná a pedido do ex-deputado Basílio Villani (PSDB). O empresário montou barracões das empresas Planam, Santa Maria e Klass em Curitiba. Gustavo Trevisan Gomes, que estava na lista dos 81 presos na Operação Sanguessugas da Polícia Federal em junho, era o representante dos Vedoin no Paraná. Como Villani e o ex-deputado Márcio Matos, também citado pelo empresário no depoimento, não foram eleitos, ele desativou os barracões na capital paranaense.
Villani, Matos e Simões apresentaram emendas ao orçamento da União para beneficiar 50 municpios do estado. Todas as licitações, segundo Vedoin, foram direcionadas para suas empresas vencerem e que os três políticos receberam comissões por cada uma das emendas.
Santos Filho também recebeu 10% de comissão sobre quatro emendas apresentadas em 2002. Já sobre José Carlos Martinez, Luiz Vedoin afirmou que ganhou licitações com recurso de emendas do ex-deputado, mas que Martinez não recebeu comissões pelas emendas.
Cartas marcadas
Com a divulgação da íntegra do depoimento de Luiz Vedoin, algumas suspeitas foram confirmadas. A empresa Unisau, que disputou a licitação em General Carneiro, e com sede em Lauro dee Freitas (BA) foi criada pelo empresário para dar cobertura nos processos licitatórios. O mesmo caso da Vedovel, que teria sede no Boqueirão, em Curitiba, mas só existia no papel.
A Delta, que também participou da concorrência em General Carneiro, foi montada para participar de licitações no Paraná. Sinomar Martins Camargo e o seu ex-genro Adalberto Testa Netto respondem na Justiça Federal por sua possível participação na máfia das ambulâncias.
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