Doze dias após a morte do extrativista José Claudio da Silva, a ambientalista Claudelice Silva dos Santos, 29 anos, voltou, neste domingo (5), ao local onde uma emboscada foi montada para matar seu irmão e sua cunhada Maria do Espírito Santo. Eles foram assassinados em uma estrada de acesso ao assentamento agroextrativista Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA).

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Ela reclamou da lentidão da investigação policial para identificar os autores do crime e, principalmente, quem mandou matá-los. "Os executores ficaram sentados, atrás de palhas, esperando meu irmão e minha cunhada passarem de moto. A morte de meu irmão interessava a fazendeiros e madeireiros. Na verdade, são grileiros de terra. Alguém lá na autarquia desse país tem de olhar para o povo daqui. A sensação é de muito medo. A gente entende que é muito risco continuar aqui."

A Polícia Civil já ouviu 25 testemunhas sobre o caso, mas ainda não conseguiu determinar os possíveis mandantes do crime e os executores do plano. O delegado Álvaro Ikeda, do Núcleo de Apoio às Investigações, o delegado Rilmar Firmino de Sousa, delegado-geral do Pará, estão em Marabá para acompanhar de perto a evolução da investigação sobre o caso.

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Segundo Claudelice, um grupo de agricultores jurados de morte e representantes da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) de Marabá irá para Brasília nesta terça-feira (7) para participar de uma audiência no Ministério do Meio Ambiente. "Mesmo com tantos assassinatos acontecendo por causa da questão da terra, esse Código Florestal foi aprovado. Isso vai acabar com a nossa floresta. Eles aprovaram a vergonha do povo brasileiro. Meu irmão morreu no dia em que foi votado esse código. Será preciso morrer mais ambientalistas para isso ser solucionado? Quantos Josés e quantas Marias precisarão morrer para que a floresta seja protegida?"

Segundo Claudelice, um grupo de agricultores jurados de morte e representantes da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) de Marabá irá para Brasília nesta terça-feira (7) para participar de uma audiência no Ministério do Meio Ambiente. "Mesmo com tantos assassinatos acontecendo por causa da questão da terra, esse Código Florestal foi aprovado. Isso vai acabar com a nossa floresta. Eles aprovaram a vergonha do povo brasileiro. Meu irmão morreu no dia em que foi votado esse código. Será preciso morrer mais ambientalistas para isso ser solucionado? Quantos Josés e quantas Marias precisarão morrer para que a floresta seja protegida?"

Claudelice contraria a versão de posse da terra apresentada pelos fazendeiros. "A floresta em pé com seres humanos vivendo dentro é saudável. Todo assentamento é em terreno da União. O que ocorre é que tem muito grileiro, que mata bichos queimando todos eles ainda vivos. Meu irmão lutava por assentamentos e pela defesa dos animais. Foi por isso que ele morreu", diz.

Ela se emocionou em estar no lugar onde o irmão e a cunhada foram vistos com vida pela última vez. "A sensação de estar onde cortaram a orelha de meu irmão, quando ele ainda estava vivo, é horrível", diz. Dos cinco agricultores assassinados nos últimos dias na Amazônia, dois deles tiveram as orelhas cortadas, como uma espécie de comprovação da autoria do crime perante os mandantes. "A primeira vez que estive aqui a sensação era muito ruim, uma dor insuportável. Parecia que eles ainda estavam aqui. Agora, eu penso que a sensação é de injustiça, indignação e raiva. Os ambientalistas vão morrer e ficar por isso mesmo? A luta deles não valeu em nada?"

Investigação

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A Polícia Federal (PF) informou que não revela dados de investigação em curso. A corporação foi a Marabá a pedido da presidente da República, Dilma Roussef, e faz uma investigação paralela a da Polícia Civil.

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que pediu para a Justiça estadual, o embargo de 12 madeireiras da região.