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penitenciária de catanduvas

Isolamento de presos fica só no papel

Em cinco anos, a penitenciária federal de Catantuvas, no Oeste do Paraná, já recebeu cerca de 300 presos | César Machado/ Valepress
Em cinco anos, a penitenciária federal de Catantuvas, no Oeste do Paraná, já recebeu cerca de 300 presos (Foto: César Machado/ Valepress)

Cascavel - Há cinco anos o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos inaugurava em Catanduvas, no Oeste do Paraná, o primeiro presídio federal de segurança máxima do Brasil. A pretensão do governo federal era isolar completamente chefes de facções criminosas e impedir que eles continuassem controlando ações criminosas mesmo de dentro do presídio. Meia década depois, o sistema revela falhas no propósito, já que em várias ocasiões foram descobertos contatos entre os detentos com o exterior, principalmente com criminosos que controlam o tráfico de drogas nas favelas do Rio de Janeiro.

Na última terça-feira, por exem­­plo, o diretor do presídio, Rogério Sales, afirmou que o sistema de inteligência do Depar­tamento Penitenciário Nacional (Depen) interceptou bilhetes com ordens para o sequestro de autoridades. Como resgate, os bandidos cobrariam dinheiro e a liberdade de criminosos. Sem revelar nomes, o diretor disse que o setor de inteligência do De­­pen conseguiu detectar as ordens e isolou nove presos. O órgão não comentou o caso "por questões de segurança".

Na quarta-feira passada, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César, disse que mantém uma interlocução permanente com o diretor do presídio de Catanduvas para evitar que fatos como esse aconteçam. Sobre o plano de se­­questro ele disse que, "de concreto, não existe nada".

Em setembro do ano passado, uma mulher que seria informante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) foi presa durante visita íntima a um preso. Ela tentou deixar o local com bilhetes escondidos no sutiã. Também em 2010, a facção Comando Vermelho (CV) te­­ria solicitado, de dentro do presídio, a compra de fuzis. Já em mar­­ço de 2009, uma advogada carioca também foi presa acusada de levar mensagens de presos para criminosos em liberdade.

Inauguração

Inaugurado em 23 de junho de 2006, o presídio de Catanduvas teve como primeiro detento o traficante Luis Fernando da Cos­­ta, o Fernandinho Beira-Mar, transferido no dia 19 de julho do mesmo ano. Outros chefes de facções criminosas, como Mar­cinho VP e Elias Maluco, também já passaram pela unidade.

Com exceção dos bilhetes apreendidos e ordens de ataques que supostamente partiram de dentro do presídio, o ambiente tem provado que é a prova de fu­­gas e rebeliões, ações que jamais ocorreram na unidade. Catan­duvas serviu de modelo para a implantação de outras unidades federais em Campo Grande (MS), Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e em Brasília, que ainda não foi construída.

Seguro e confiável

O Ministério da Justiça diz que o sistema penitenciário federal é seguro e confiável. Em e-mail encaminhado à Gazeta do Povo, a pasta informou que nunca houve casos de ingresso de drogas, armas ou celulares no presídio de Catanduvas nem nas de­­mais unidades. Segundo o De­­pen, a transferência de presos perigosos para as penitenciárias federais reduziu em 70% o nú­­me­­ro de rebeliões nos estabelecimentos prisionais do país.

Desde a inauguração, aproximadamente 300 presos passaram por Catanduvas. Atual­men­te, 165 detentos cumprem pena no local, que tem capacidade pa­­ra 208 pessoas. Desse total, se­­gundo o Depen, apenas 39 são do Paraná.

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