A revista IstoÉ que circula esta semana destaca em sua reportagem de capa o que seria um "estado paralelo" criado dentro da Itaipu Binacional, a maior hidrelétrica do planeta, que a imunizaria de qualquer controle, seja do Tribunal de Contas da União (TCU), da Receita Federal ou do Supremo Tribunal Federal. Segundo a publicação, o gigante de concreto, motivo de orgulho de brasileiros e paraguaios, esconde "uma caixa-preta tão grande quanto seu potencial hidrelétrico."
Esse caixa 2 bilionário a revista fala em US$ 2 bilhões seria alimentado pela diferença entre os débitos reclamados pelos fornecedores e os registrados na usina, em valores bem menores. "... Itaipu criou uma moeda própria, a Unidade de Correção Monetária (UCM), uma nota fiscal exclusiva, chamada Nota de Débito, e um dólar contábil com cotação autônoma. Nessa mixórdia financeira, Itaipu desenvolveu uma contabilidade oficial pela qual paga fornecedores e outra, paralela, que multiplica saldos e gera um megacaixa 2 estimado, no ano passado, em US$ 2 bilhões", diz a reportagem.
O esquema teria sido montado em 1991, ainda no governo de Fernando Collor de Mello, pelo gerente financeiro da binacional na época, Laércio Pedroso. A revista localizou Pedroso em Curitiba, onde trabalha como consultor para empresas que tentam cobrar créditos dessa conta secreta. Conforme ele, apenas diretores do lado brasileiro da Itaipu teriam acesso aos números da contabilidade paralela.
A matéria ressalta que nos próximos dias, o caixa paralelo começará a ser aberto pela CPI dos Correios. Em entrevista à IstoÉ, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) se diz perplexo com a papelada que a CPI já recebeu. "Não há como deixar de investigar o que acontece em Itaipu com uma força-tarefa do Ministério Público, da Polícia Federal e da própria CPI", afirmou ele à revista. Ainda segundo a reportagem, o presidente do TCU, ministro Adylson Motta, vai pedir uma audiência ao presidente Lula para discutir a blindagem da binacional. De acordo com a matéria, Laércio Pedroso deve depor na CPI para contar toda a história.