Rodrigo Gularte com a mãe e a irmã durante a infância em Caiobá, onde aprendeu a surfar| Foto: Álbum de família

O Itamaraty pedirá hoje ao governo da Indonésia a internação de Rodrigo Muxfeldt Gularte num hospital psiquiátrico de Yogyakarta, a 180 km de Cilacap, onde ele aguarda preso sua execução por fuzilamento. Ele foi condenado à morte por entrar no país com 6 quilos de cocaína, em 2004. A família perdeu todos os recursos na Justiça e o presidente Joko Widodo negou clemência. O último recurso é interná-lo, uma vez que pelas leis do país ninguém pode ser executado se não estiver em plenas condições físicas e mentais.

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A mãe de Rodrigo, Clarisse Muxfeldt, e uma prima dele, Angelita Muxfeldt, estão há 12 dias na Indonésia para encaminhar os documentos necessários para a internação. A Procuradoria-Geral do país recebeu nesta semana o laudo no qual um médico credenciado pelo governo atesta que Rodrigo tem esquizofrenia. O órgão ainda vai buscar uma segunda opinião médica antes de decidir se vai executá-lo ou interná-lo.

Uma junta médica liderada pelo psiquiatra H. Soewadi atesta que "o paciente apresentou sintomas de transtorno mental crônico com diagnóstico de esquizofrenia paranoide e transtorno bipolar com características psicóticas". O documento diz ainda que ele apresenta "alucinações visuais e auditivas", além de pensamentos "não realistas".

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Agora, a família tem outro problema. Hoje com 42 anos, Rodrigo se recusa a ser internado por achar que está são. "Ele está num mundo paralelo por causa da doença e não quer se internar porque acha que lá [na prisão] está mais seguro", diz a prima Lisiane Gularte de Carvalho, que acompanha o caso no Brasil. Nesta semana, a família ganhou mais tempo para tentar convencê-lo a se internar.

O governo indonésio adiou a execução de Rodrigo e outras dez pessoas condenadas à morte. A execução coletiva, programado inicialmente para o fim deste mês, não poderá ser feita por falta de espaço físico disponível na ilha de Nusakambangan (Cilacap, interior da Indonésia) para o fuzilamento dos 11 condenados, que, segundo a legislação local, devem ser mortos ao mesmo tempo. Nesse local o carioca Marco Archer, de 53 anos, e outros cinco condenados de outras nacionalidades foram fuzilados dia 17 de janeiro. Todos condenados por tráfico de drogas.

A nova data para execução não foi informada pela Procuradoria-Geral, responsável pelas execuções, que, na Indonésia, se dão por fuzilamento. Cada condenado à morte exige um pelotão de fuzilamento com 12 atiradores.